Produção de aço deve encolher 2,5%

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
12/08/2014 às 08:04.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:45
 (Adri Felden)

(Adri Felden)

SÃO PAULO – Diante do “momento difícil e delicado”, com agravamento da situação nos últimos meses, e do “monumental excedente” de aço no mercado mundial, o Instituto Aço Brasil, que representa as grandes empresas do setor, refez as contas e reviu para baixo as projeções para 2014.    O presidente do Conselho Diretor da entidade e presidente da ArcelorMittal no país, Benjamin Mario Baptista, e o presidente executivo do Instituto, Marco Polo de Mello Lopes, informaram que a previsão para o ano, antes mais otimista, é de queda na produção, vendas e consumo de aço no Brasil.    Para 2014, a produção de aço bruto está estimada em cerca de 33,3 milhões de toneladas, queda de 2,5% em relação ao ano passado. Na projeção anterior, de abril, a expectativa era de aumento de 5%.  Já as vendas internas devem totalizar 21,7 milhões de toneladas, recuo de 4,9% na comparação com 2013, ante estimativa anterior de expansão de 4,1%.   No entanto, o dado que mais preocupa, segundo os executivos, é a perspectiva de redução de 4% no consumo aparente, quando o esperado anteriormente era incremento de 3%. “Essa é a conclusão que mais nos espanta”, afirmou Benjamin Baptista.    Se, por um lado, consumo, vendas e produção devem encolher, as importações tendem a aumentar. A compra de aço estrangeiro deve atingir o patamar de 3,8 milhões de toneladas, o que significa um aumento de quase 2% ante 2013.   “Em 10 anos, as importações brasileiras de aço aumentaram 573%. Se nada for feito, até 2023 mais de 50% do nosso consumo interno será via importação. É preciso reverter essa situação dramática com ações de defesa comercial”, ressaltou o presidente executivo do Aço Brasil.      Excesso de oferta   Outro problema que afeta o setor é o excesso de oferta de aço no mundo. “Há um excedente de capacidade de produção de aço da ordem de 600 milhões de toneladas. Isso destrói o bom estado do mercado”, criticou Marco Polo. E apesar do excesso, há projetos para aumento de produção de mais 128 milhões de toneladas a partir de 2016. “O grande vilão são as estatais, de onde vêm 65% do produto. Na China, 34% das empresas são do estado. Essas companhias não visam lucro, apenas querem produzir, pagar impostos e gerar emprego. Se ficar com zero no balanço está bom. Além disso, contam com toda uma parafernália que favorece a exportação, mas que é danosa para o mercado”, apontou. Só em julho, as empresas chinesas venderam ao mundo 9 milhões de toneladas de aço. “Anualizada, essa brincadeira dá quase 100 milhões de toneladas”, afirmou o presidente do instituto. Diante da gravidade, o problema foi levado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os executivos esperam que o tema seja, em breve, alvo de discussão para estabelecer possíveis procedimentos para reduzir o tamanho do excedente. Uma das soluções apontadas por ele é o fechamento de usinas.     Importações cresceram 7% em julho   Em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção brasileira de aço subiu 0,5%, passando de 2,914 milhões para 2,929 milhões de toneladas. Já as vendas internas encolheram 10,2%. As importações cresceram 7%, enquanto o consumo teve queda de 7%. Considerando-se o período de janeiro a julho, o país produziu o equivalente a 19,8 milhões de toneladas de aço bruto, queda de 1% na comparação com igual período em 2013. Desse montante, Minas respondeu por 32,7%.

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