Protesto de caminhoneiros para rodovias federais em Minas

Marcelo Portela *
27/07/2012 às 22:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:54
 (RENATO COBUCCI)

(RENATO COBUCCI)

Motoristas tiveram que ter paciência nesta sexta-feira (27) para trafegar nas estradas que cortam Minas Gerais. Em algumas das mais movimentadas do Estado, como a BR-381 e a BR-040, caminhoneiros fecharam totalmente as pistas como parte da manifestação nacional da categoria iniciada na quarta-feira (25). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram registrados cerca de 40 quilômetros de congestionamentos e, no fim da tarde, o trânsito ainda era lento pois as vias haviam sido apenas parcialmente liberadas.

O maior problema ocorreu na BR-381, no trecho que liga Belo Horizonte a São Paulo. Desde o início da manhã, centenas de caminhões fecharam o tráfego na altura de Igarapé, Itatiaiuçu e São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana da capital mineira, e em Carmópolis de Minas, na região Oeste do Estado. No trecho da mesma rodovia que liga Belo Horizonte ao Espírito Santo, foram feitos bloqueios em Santo Antônio do Amparo, também no oeste mineiro.

Já na BR-040, entre a capital mineira e o Rio de Janeiro, os caminhoneiros fecharam um trecho na altura de Nova Lima, na RMBH, e na altura do trevo de Ouro Preto, na região Central do Estado.

Na BR-116, que liga Minas à Bahia, a interdição foi feita próxima a Montes Claros, no norte mineiro, enquanto a MG-050 foi bloqueada em Itaúna, na área central de Minas.

Na maior parte das interdições, os caminhoneiros fecharam toda a rodovia nos dois sentidos. Em algumas, parte da pista era liberada gradualmente ao longo do dia para a passagem de veículos como carros de passeio e ambulâncias, após negociação dos manifestantes com a PRF. "Pedimos liberação de uma faixa de circulação para passagem de automóveis, ônibus, vans, veículos de emergência e também de motoristas que não queiram participar do movimento", informou a polícia, por meio de nota. De acordo com a corporação, porém, "houve pouco atendimento, por parte dos manifestantes, às solicitações".

Ainda segundo a PRF, foram registrados alguns casos isolados de vandalismo contra veículos que tentavam furar os bloqueios e de tentativa de coação contra caminhoneiros que não queriam aderir à manifestação, organizada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC).

A categoria protesta contra os baixos valores dos fretes, a falta de segurança nas estradas, o preço do combustível e dos pedágios, a falta de regulamentação da profissão e de uma série de medidas adotadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que, conforme o presidente do MUBC em Minas, José Acácio Carneiro, "acabaram de vez com a categoria". "O trabalhador paga para rodar. É obrigado a aceitar os fretes baixos, senão não tem dinheiro nem para o diesel", afirmou.

Congestionamentos quilométricos, protestos e pessoas exaustas, este era o cenário visto por quem passou na noite desta sexta-feira pela BR-381, entre as cidades de Nova União e Bom Jesus do Amparo, na região Central de Minas Gerais. Caminhoneiros de diversas partes do país estacionaram seus veículos no acostamento ao longo destes municípios, com o intuito de protestar contra as novas regulamentações impostas pela ANTT.

O trânsito chegou a ficar bloqueado por pelo menos uma hora no trevo de Itabira, tanto no sentido Belo Horizonte, quanto no Vitória, e nem os veículos de passeio, ônibus, e caminhões que transportavam animais e cilindros de oxigênio, que antes não eram impedidos de passar, acabaram ficando retidos.
Várias pessoas se queixavam da demora no transito, como o advogado Juliano Garcia, que seguia para a capital mineira. “Acho legítimo o protesto, mas não deveriam impedir a população de ir e vir”, disse se mostrando bastante insatisfeito.

Ionar Santos, caminhoneiro há 20 anos,  reclamou de como o governo conduziu a implantação das novas regulamentações e acredita que a categoria não consiga seguir as regras. “Tem que se criar uma estrutura, como área de escape, postos de segurança, afinal, onde vamos estacionar os caminhões? No acostamento é proibido e os postos de combustíveis estão sempre lotados”, criticou.

Por outro lado, alguns motoristas estão aderindo ao manifesto sem nem ao menos saber o por quê. É o caso de Adilson Barbosa, de 42 anos, que estava transportando minério de ferro, e disse que aderiu a greve para apoiar aos companheiros de trabalho, mas questionado sobre o que ele acha que deveria mudar, o mesmo não soube dizer.

O líder da manifestação neste trecho e um dos diretores da União Brasileira de Caminhoneiros de Minas Gerais, Antônio Wander, disse que o protesto não tem hora para acabar e que somente quando o governo federal aceitar conversar com a categoria, os caminhoneiros vão voltar ao trabalho e liberar a rodovia. “Estamos aguardando um posição do governo, queremos que eles aceitem discutir as nossas reivindicações. Exigimos diálogo”, disse.
Sobre o bloqueio, ele disse que são caminhoneiros que ainda não compreenderam o intuito da causa, e que isso só atrapalha o objetivo deles. A lentidão passou dos 30 quilômetros em ambos os sentidos.

 

 

No km 400 da BR-381, um incêndio em mata começou durante o protesto (Foto: Renarto Cobucci)

 


Incêndio suspeito

No km 400 da rodovia, um incêndio a mata as margens da rodovia. Coincidentemente vários caminhoneiros estavam parados próximo ao local, mas todos disseram que o fogo não tinha nada a ver com o protesto. Questionado sobre o assunto, Antônio disse que o movimento é pacífico e que a categoria vai respeitar a população. O Corpo de Bombeiros ficou no local tentando  apagar o fogo.

 

* Com Jefferson Delbem - Do Hoje em Dia
http://www.estadao.com.br

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por