Queda na energia alivia inflação, mas alimentos ainda pesam no bolso

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
09/04/2016 às 07:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52

Depois de subir 0,90% em fevereiro, o dragão perdeu força e a inflação ficou em 0,43% em março, a menor taxa para o mês desde 2012. O alívio no bolso foi provocado, entre outros fatores, pela queda no preço da energia elétrica. Em contrapartida, os alimentos continuam salgados.

No ano, o indicador acumula alta de 2,62%. Em 12 meses, chega a 9,39%. Ou seja, apesar da desaceleração em março e da volta da taxa a um dígito, a inflação segue bem acima do teto da meta estipulado pelo Banco Central, de 6,5%.

“A inflação ainda está alta, longe do teto do governo. A notícia boa, entretanto, é que a desaceleração sinaliza que a mudança da política monetária, com redução da Selic, pode acontecer mais cedo do que o esperado”, afirma o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec, professor Márcio Salvato.

Ele explica que a inflação vinha subindo a despeito da recessão, com a bandeira tarifária na conta de luz e reajustes na gasolina.
“Os preços administráveis vinham pressionando os custos. A partir de agora, no entanto, teremos uma inflação de demanda. E com a política de desaquecimento da economia, a tendência é a de que a taxa poderá voltar de maneira mais rápida ao teto”, diz.

Segundo a coordenadora de índice de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o pé no freio no consumo já contribui para a desaceleração da inflação. Tanto que a maioria dos preços dos grupos de despesas analisados pelo IBGE mostrou taxas menores de fevereiro para março.

“No mês de março, já se mostra o impacto do desemprego, da falta de dinheiro da população no sentido de cumprir a oferta dos produtos. No caso da alimentação fora de casa, os estabelecimentos já estão reduzindo as taxas de crescimento de preços. No dia a dia, a gente tem visto o pessoal do restaurante dizer que está encontrando formas de substituir a carne pelo frango”, diz Eulina.

Na contramão dos alimentos e das roupas, subiram menos os preços relativos a transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e educação. Ainda ficaram mais baratos os gastos relacionados à habitação e comunicação. A menor procura também refletiu-se na queda dos preços das passagens aéreas

A desaceleração do dragão só não foi ainda maior porque alimentos e bebidas, grupo que tem peso maior no orçamento das famílias, subiu de 1,06% para 1,24%.

As frutas, por exemplo, ficaram bem mais caras, com alta de quase 9%. Também ficou mais pesado colocar no carrinho de compras produtos como cenoura, açaí, alho e feijão.

Por outro lado, o preço do tomate, que durante meses foi considerado o vilão da inflação, ficou 7,43% mais em conta. Além da comida, os consumidores também pagaram mais pelo vestuário, cuja elevação foi de 0,24% para 0,69%.

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