Rede particular de saúde conclui ciclo de R$ 850 milhões

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
04/08/2014 às 07:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:38
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A corrida aos planos de saúde, cujo número de usuários aumentou 47% em uma década, em Belo Horizonte, ampliou a busca por serviços na rede privada. Com a carteirinha no bolso, hoje mais de 1,3 milhão de clientes têm direito ao atendimento em hospitais particulares, segundo dados de março de 2014 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mas os desafios do setor cresceram junto com a realização do novo sonho de consumo da população. Para piorar, alguns centros fecharam as portas.   O déficit de leitos na capital chegou a oscilar entre 1.500 e 2 mil. Para melhorar a qualidade no tratamento dos doentes e minimizar a superlotação, juntas, as redes investiram e ainda pretendem investir, até o final de 2015, pelo menos R$ 850 milhões. O “socorro” tem como finalidade a expansão da infraestrutura e modernização de equipamentos.   “Os pacientes vão a dois, três lugares para serem atendidos, mesmo na rede particular. Esse sofrimento precisa acabar. Alguns hospitais estão investindo e fazendo ampliações, mas ainda não dá para saber se serão suficientes para atender à demanda crescente, principalmente com o acesso das classes C e D à saúde suplementar”, diz o consultor técnico do Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde (IBDESS), César Vieira. Novas doenças, envelhecimento da população e pacientes do interior ajudam a engrossar a fila por atendimento médico na capital.   Um dos problemas mais graves acomete justamente as crianças. Com a desativação, total ou parcial, de serviços de pediatria em várias instituições de Belo Horizonte, o Hospital Infantil São Camilo, um dos únicos sobreviventes, tem atualmente 100% de ocupação. Em 2012, com investimentos de R$ 10 milhões, um prédio de oito pavimentos na rua Pouso Alegre, contíguo ao edifício original que dá acesso pela avenida Silviano Brandão, foi inaugurado.   Na Unidade de Internação, com 60 leitos, são atendidos 550 pacientes por mês. Já no ambulatório, são, em média, 500 pacientes diariamente, frequência que aumenta nos meses de março a junho, época com maior incidência de doenças respiratórias.   “Construímos uma unidade de semi internação para que o paciente possa aguardar a vaga no leito”, diz o diretor administrativo financeiro do São Camilo, José Guerra Lages. Segundo ele, dentro de 10 dias será iniciada a construção de uma área de apoio ao bloco cirúrgico, com espaço para acolhimento de familiares, além da nova central de material esterilizado e 11 apartamentos para hospital/dia. Mais de R$ 2 milhões serão investidos.     Life Center vive crise financeira   Depois de cortar mais de 100 funcionários, o Life Center, inaugurado há 12 anos no bairro Serra, tenta recuperar sua saúde financeira. A instituição trocou a gestão e trabalha para estancar prejuízos. Além de reduzir pessoal, a maternidade e o atendimento de ginecologia foram encerrados. O Life Center não quis se pronunciar.     Vila da Serra mantém foco na pediatria   Diante da crise na pediatria, a melhora no atendimento às crianças também virou prioridade no Vila da Serra. O hospital prepara investimentos da ordem de R$ 1 milhão na expansão de dez leitos na UTI neonatal. Na enfermaria infantil, outros dez leitos serão instalados.   “Essas melhoras serão imediatas, já a partir da segunda semana de agosto. Também estamos preparando mais 25 leitos para adultos, com recursos em torno de R$ 1,5 milhão”, informa o CEO do Vila da Serra, Euler Baumgratz.   Para o executivo, que assumiu a diretoria em dezembro do ano passado, é preciso que a qualidade na prestação dos serviços acompanhe a demanda da população. “Ter um plano de saúde é um desejo que vem crescendo. As pessoas pagam pelo convênio e têm direito de ser bem atendidas”, diz Baumgratz.   Paralelamente à reforma, está em curso um processo de reformulação no sistema de gestão e governança corporativa da instituição. O hospital conta hoje com 200 leitos e 13 salas cirúrgicas. A média é de 1.370 internações por mês. Recentemente, 10 leitos de apartamento no 7º andar, sendo duas suítes master, foram inaugurados, assim como o serviço de medicina nuclear.     Mater Dei inaugurou unidade em junho   Instalada no terreno que abrigava o Mercado Distrital do Barroca, a nova unidade do Mater Dei foi inaugurada em junho deste ano. Na primeira fase, o equivalente a 40% do empreendimento, foram colocados em funcionamento o pronto-socorro, com capacidade para atender até 2 mil pacientes por dia, dois andares de internação, dez salas de cirurgia e 21 leitos de UTI.   Até o final deste mês, mais um andar de internação será aberto. Em outubro, será a estreia da ressonância nuclear magnética, com equipamentos para exames minuciosos nas áreas de oncologia e neurologia. O restante da obra será implantado de acordo com a demanda. O valor total do investimento é de R$ 300 milhões.   “O hospital estava tumultuado. Até quarenta pacientes esperavam por leitos todos os dias. Somente no pronto-socorro eram atendidos mil pacientes diariamente. A nova unidade foi necessária para desafogar a demanda”, diz o presidente do Mater Dei, Henrique Salvador.   No Felício Rocho, já está aprovado o projeto para a construção de uma torre de 14 andares ao lado da unidade da avenida do Contorno, com mais 150 leitos. Entre obras e equipamentos, a previsão de aporte é de R$ 100 milhões. “Estamos na fase de estudo de viabilidade e captação de recursos”, informa o controller do hospital, Carlos Manoel da Silva. Em dezembro de 2013, ao custo de R$ 3,5 milhões, o Felício Rocho inaugurou o Instituto de Oncologia, onde 6 mil pacientes são atendidos todos os meses.   O Biocor também prepara nova expansão. A primeira foi concluída em 2012, com investimentos de R$ 35 milhões na construção de 120 novas suítes e reforma de outras 100. A próxima etapa é a ampliação do hospital em 6 mil metros quadrados, com novos blocos, leitos de CTI, hospital dia e salas de cirurgia. “Mais R$ 35 milhões serão investidos”, afirma o assessor da diretoria Arthur de Matos Paixão Filho. O corpo clínico é formado por 350 profissionais autônomos.     Unimed vai investir R$ 360 milhões   Na Unimed-BH, considerando-se as unidades inauguradas nos cinco últimos anos, como o hospital da avenida do Contorno, no Santa Efigênia, com mais de 250 leitos, e aquelas em andamento, o valor de investimentos é de cerca de R$ 360 milhões.   No início deste mês, segundo a assessoria de imprensa da cooperativa, o Hospital Unimed – Unidade Betim ampliou em 50% o número de leitos da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal.   Ainda em agosto, serão abertos dez novos leitos no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Unimed – Unidade Contorno, além de ampliação de leitos para procedimento de hemodiálise de pacientes internados, que passam a totalizar 18.  Na Maternidade Unimed – Unidade Grajaú, será inaugurada, também neste mês, infraestrutura para o estímulo ao parto natural: dois quartos PPP (pré-parto, parto e puerpério) com banheira, além de outros dois leitos para pré-parto em ambiente privativo.   Para outubro, está previsto o início do funcionamento do Centro Médico Unimed, no bairro Funcionários, que reúne 142 consultórios médicos. Lá também funciona o Centro de Inovação. Para 2015, o plano é inaugurar um Centro de Promoção da Saúde, na avenida Churchill, no bairro Santa Efigênia.   Com 156 leitos atualmente, o hospital Vera Cruz também tem planos de expansão. De acordo com a assessoria de imprensa, a previsão é a de que a ampliação seja concluída em até dois anos. Hoje, a taxa de ocupação gira em torno de 85%. Só no pronto socorro, são 10 mil atendimentos por mês.   O Hoje em Dia entrou em contato com a Associação dos Hospitais de Minas Gerais (AHMG), entidade sem fins lucrativos cuja missão é promover integração, desenvolvimento, modernização e lucratividade do setor. Porém, por meio da assessoria de imprensa, a AHMG informou que está retomando o seu processo de estatística acerca do perfil dos hospitais e que atualmente não possui base de dados.

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