Salário do trabalhador encolhe com a crise

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
29/04/2015 às 06:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:49
 (Editoria de Arte)

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O trabalhador brasileiro já sente no salário o peso da crise econômica. Na média do país, em março, na comparação com fevereiro, a queda do rendimento médio real foi de 2,8%, o pior resultado em mais de 12 anos. Ante março do ano passado, o renda encolheu 3%, mais forte retração desde fevereiro de 2004.


O drama se repete na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em março deste ano, o rendimento dos trabalhadores caiu 2,8% em relação ao mesmo mês de 2014, maior recuo desde 2003. Na comparação com fevereiro, a queda foi de 3,1%.


Para analistas, os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram uma deterioração do mercado de trabalho.


“Isso acontece em virtude de alguns fenômenos. E um deles pode ser que trabalhadores com salários mais altos estejam sendo demitidos e recontratados com salários mais baixos”, diz a pesquisadora do IBGE Flávia Vinhaes.


Outro fator citado por ela é a dispensa efetiva de funcionários que ganham mais, permanecendo para a formação da média empregados com renda inferior. “E quem perde o emprego, para se realocar acaba aceitando um salário menor”, afirma.


Flávia lembra ainda que, com a economia fraca, também perdem rendimentos aqueles funcionários que ganham comissão para complementar o salário. “Os piores rendimentos são dos empregados domésticos, seguidos pelas pessoas que trabalham no comércio, atividade que está desaquecida”, diz.


Para a analista do IBGE em Belo Horizonte, Juliana Dias Alves, os dados sinalizam um ajuste no mercado. “Quem não perdeu emprego pode estar ganhando menos na parte do salário que é variável”, avalia.


Para ela, na RMBH salta aos olhos o corte de 56 mil vagas na indústria extrativa e de transformação no último ano e de 18 mil postos apenas em março ante fevereiro.


As demissões também atingiram em cheio o setor de intermediação financeira e atividades imobiliárias, com a eliminação de 17 mil postos. “Isso mostra o enfraquecimento do setor imobiliário”, ressalta a analista. Na construção civil, pelo menos 2 mil trabalhadores foram dispensados.


A tesourada nos empregos, no entanto, ainda não apareceu de maneira expressiva na taxa de desemprego na RMBH. Em março de 2015, o índice foi de 4,7%, superior aos resultados de março de 2014 (3,6%), mas estável na comparação com fevereiro de 2015 (4,9%). Já na média das seis regiões pesquisadas, a taxa foi de 6,2%, superior à verificada em março de 2014 (5,0%) e fevereiro de 2015 (5,9%).


 

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