Seca encarece a luz e eleva risco de apagões: falta de chuvas reacende temor do desabastecimento

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
02/06/2021 às 20:09.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:05

Na última semana de maio, os consumidores de energia elétrica em Minas foram do céu ao inferno. Primeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acatou pedido da própria Cemig para congelar as tarifas residenciais por mais um ano, em razão da crise econômica gerada pela pandemia. 

Três dias depois, um balde de água fria: o governo federal emitiu alerta de segurança hídrica devido à baixa dos reservatórios da Bacia do Rio Paraná, que abrange Minas, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná – com risco real de apagões se a situação não melhorar.

Para completar, a Aneel também decretou, para junho, a aplicação da bandeira vermelha no patamar 2 (o mais alto) para faturas de todas as operadoras. Isso significa que, para cada 100kW consumidos, os clientes, incluindo os da Cemig, terão que pagar R$ 6,243 a mais. 

“Junho inicia-se com os principais reservatórios do Sistema Integrado Nacional (SIN) em níveis mais baixos, o que aponta para um horizonte com reduzida geração hidrelétrica e aumento da produção termelétricas”, justificou a agência.

Em Minas, a situação de quatro dos cinco reservatórios que integram o Subsistema Sudeste/ Centro-Oeste do SIN, cuja maior parte pertence à Bacia do Paraná, é de fato crítica. Na represa de Furnas, principal unidade do subsistema, com 17,21% da capacidade total, em 1º de junho, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), o volume útil era de 36%. Também estavam bem abaixo do razoável os espelhos de Emborcação (22%), Nova Ponte (16%), ambas da Cemig, e São Simão (10%). Três Marias, pertencente à companhia mineira, tinha melhor volume (65%), mas representa apenas 1,15% do total. 

Para o gerente de Gerente de Planejamento Energético da Cemig, Ivan Sérgio Carneiro, no caso da empresa, Emborcação e Nova Ponte, ambas no rio Araguari, estão com quantidades realmente preocupantes sob o ponto de vista do abastecimento de usinas geradoras de energia. “Estamos num momento de criticidade hídrica, esperando o pior momento de seca histórico, fruto de dez anos de baixas precipitações”, afirma ele.

Carneiro sustenta, porém, que ainda não se pode cravar que haverá apagões – embora isso não deva ser totalmente descartado –, por causa da forma como o sistema interligado funciona no país. “A gente tem que levar em conta que quando temos um déficit de capacidade de geração em determinada região, essa energia vem de outras regiões”, explica. “E temos hoje uma matriz elétrica muito ampla, com fontes térmicas, eólicas, fotovoltaicas, que garantem o suprimento energético”, acrescenta.

O executivo também informa que a Cemig tem intensificado ações de comunicação junto a usuários da água de seus reservatórios, assim como aos comitês de bacias hiodrográficas a eles relacionados, "para sensibilizar a todos sobre a necessidade de se fazer um uso ótimo do recurso hídrico, ajustando sistemas de captação e eventuais outros propósitos, como irrigação".

ANA

De qualquer forma, o cenário fica cada vez mais grave. Nesta semana, foi a vez de a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) declarar emergência hídrica na Bacia do Paraná. A medida permite a limitação de volumes de captação de água nos rios e reservatórios na região. Com isso, e diante da previsão de continuidade das baixas precipitações no Sudeste e Centro-Oeste, espera-se reduzir as chances cada vez mais consideráveis de apagão.

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