Seca prolongada provoca perdas de até 80% nas lavouras em Minas

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
20/06/2014 às 08:09.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:04
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

A estiagem prolongada provoca prejuízos à economia dos municípios do Norte de Minas e vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha. Sem chuvas, lavouras de café, milho e feijão, inclusive de subsistência, como a mandioca, amargam perdas que beiram até 80%. E a situação pode piorar, pois a previsão de meteorologistas é a de que, neste ano, essas regiões fiquem até 200 dias sem chuvas, que podem chegar apenas em outubro.

Embora mais capitalizados, os grandes e médios produtores também sofrem com os efeitos da longa estiagem. Segundo o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Capelinha, Murilo Horta, a atividade envolve cerca de 500 agricultores, todos com perdas na lavoura superiores a 20%.

Horta afirma que, por falta de chuva na época da granação, em janeiro, os grãos não encheram e ficaram chochos; e os galhos não cresceram, comprometendo dessa forma a safra do ano que vem. A ajuda ideal para a categoria, sugere, seria um custeio especial, com prazo maior que os 12 meses concedidos para pagamento dos empréstimos. “Pelo menos 90% dos produtores de café estão endividados”, diz.

Segundo Horta, que é cafeicultor e também planta eucalipto, as dívidas não foram pagas porque há pouco tempo o café estava com preço baixo e os produtores não conseguiram investir em adubo, tratar da lavoura. Alguns abandonaram as plantações e quase todos contraíram dívidas. Com a seca de 2014, a situação se inverteu. “O café ficou bom de preço, mas faltou água. Agora os cafezais estão com fome e sede e, assim, a safra do ano que vem será ainda menor”, analisa.

O prefeito de Capelinha, José Antônio de Souza (PMDB), estima que os prejuízos provocados pela longa estiagem somam mais de R$ 9 milhões. Segundo ele, a agropecuária, principal atividade econômica do município, está ameaçada, e os agricultores familiares e demais produtores não têm plantado sequer produtos básicos. As perdas na produção de milho e feijão giram em torno de 70% a 80% e na de carne e leite, entre 30% e 40%.

“O caos está instalado. Sem ajuda mais efetiva dos governos não vamos conseguir ajudar a população, evitar o êxodo rural”, reforça Souza, que estima reduções na produção de mandioca, frutas e olerícolas.

Capelinha tem 2 mil agricultores familiares. “O milho produziu quatro vezes menos e a mandioca está perdida. Não temos o que vender na feira”, reclama o agricultor da comunidade do Cisqueiro, Alexandrino Martins, de 60 anos.

Em Berizal, uma das cidades do Norte de Minas castigadas pela seca, as perdas na lavoura chegam a 80%. Na produção de leite vão a 50%, e na de carne, a 40%. Cerca de 8 mil cabeças de gado de 600 agricultores vagam em busca de água que falta também para consumo humano, afirma o engenheiro da Emater Rafael Oliveira.


 

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