Sem acordo em vista, mercado especula saídas para a Usiminas

Bruno Porto - Hoje em Dia
04/10/2014 às 09:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:28
Justiça determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 346 milhões da Usiminas
 (Leonardo Morais / arquivo Hoje em Dia)

Justiça determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 346 milhões da Usiminas (Leonardo Morais / arquivo Hoje em Dia)

Não haverá acordo entre os dois maiores acionistas da Usiminas – a Nippon Steel e a Ternium/Techint – para a escolha do presidente da companhia, é o que aposta o mercado. A disputa pelo poder tem potencial para impactar negativamente o negócio da siderúrgica, e a opção por uma gestão executiva profissional é uma possibilidade para tranquilizar o ambiente conturbado da fabricante de aço com plantas em Ipatinga, no Vale do Aço, e Cubatão (SP).

Em caso de se confirmar o cenário de uma administração independente, os controladores se limitariam a ocupar seus assentos no Conselho de Administração. Ainda é incerto como será costurado esse arranjo, mas a improbabilidade de um acordo no curto ou médio prazos fortalece essa tese. “Não vejo outra solução. Nippon e Ternium/Techint continuarão travando uma batalha pelo poder, e a empresa tem que seguir sua vida”, disse um analista de mercado.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), rival direta da Usiminas, pode ter papel crucial no embate entre os argentinos da Ternium/Techint e os japoneses da Nippon Steel. A companhia detém 14% das ações ordinárias (com direito a voto) da Usiminas e, caso elas sejam adquiridas pelos argentinos, eles passarão a ser controladores da empresa, com mais de 50% do capital votante.

Justiça

O embate entre os sócios majoritários da Usiminas se tornou público em 26 de setembro, quando a companhia comunicou ao mercado a destituição do então presidente Julián Eguren e outros dois diretores indicados pela Ternium/Techint.

A Nippon alega que eles receberam bonificações ilegais, confirmadas em auditorias interna e externa. O caso foi parar nos tribunais, com os argentinos negando as acusações e acusando violação do Acordo de Acionistas na reunião que derrubou os executivos.

Duas liminares requeridas pela Techint e que pediam a anulação da reunião onde houve a destituição dos executivos já foram negadas pela Justiça.

Os argentinos entraram com agravo de instrumento para recorrer da decisão. A Justiça ainda analisa o pedido.

Ações

Após a ofensiva da Ternium/Techint, que nessa sexta-feira (3) informou um acordo para compra de 10,4% das ações ordinárias da Usiminas que estavam nas mãos da Caixa de Previdência do Banco do Brasil (Previ), o que lhe assegura 38% do capital votante da siderúrgica, os papéis da Usiminas dispararam na bolsa. A ações preferenciais deram salto de 6,21% e as ordinárias se valorizaram 19,7%.

A Techint pagou um ágio de 82% sobre o valor de mercado das ações, o que, para os analistas consultados, foi o gatilho para a valorização dos papéis que, no entanto, é pontual e não configura tendência.

“Ainda vemos de forma negativa o que ocorre na Usiminas, tanto pela disputa interna como pelas condições de mercado. A informação de que a Nippon tentou se reunir com a Techint, que teria rejeitado o encontro, indica um longo impasse”, afirmou um analista de mercado.

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