Setor da cachaça em Minas ainda sente efeitos da crise sanitária e torce por retomada

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
10/09/2021 às 20:20.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:51
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

O Dia Nacional da Cachaça neste ano, celebrado na segunda-feira (13), não será, como chegou a ser cogitado ainda em 2020 por fabricantes do produto, sobretudo em Minas – que abriga metade dos alambiques do país (cerca de 5,5 mil)  –, um marco na superação definitiva dos maus momentos vividos desde a chegada da pandemia.

O mercado brasileiro, que em 2020 registrou queda de cerca de 24% no consumo da bebida e em torno de 20% no faturamento (de R$ 15 bi para R$ 12 bi), em relação a 2019, ainda não se recuperou do baque causado pela Covid-19. O isolamento social e o longo período de fechamento de bares e restaurantes, que representam 70% dos pontos de venda do setor, fizeram um estrago de difícil reparação.

“Agora, com o aumento da vacinação e a diminuição de restrições e horários de funcionamento mais amplos, além de haver a possibilidade de volta de alguns eventos, começamos a ter uma perspectiva de retomada doi segmento. Mas ainda é prematuro dizer se conseguiremos ou não compensar as grandes perdas de 2020”, afirma o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima.

Não realizada em 2020, devido à pandemia, a Expocachaça volta com tudo, este ano, em sua 30ª edição. O evento será paralelo à 14ª BrasilBier, sobre cervejas artesanais, e acontece presencialmente, entre 25 e 28 de novembro, na Serraria Souza Pinto, na região Central de BH

 Obstáculos à recuperação, muitos deles velhos conhecidos dos produtores, de antes mesmo da pandemia, não faltam. Lima cita, entre os principais, a alta carga tributária sobre a cachaça. Em alguns estados, impostos diretos e indiretos consomem até 80% do valor do litro.

“Nesse sentido, temos defendido que a reforma tributária em discussão no Congresso seja ampla, e não fatiada como querem alguns. E também que propostas que tramitam no Legislativo, como as PEC 45, 110 e o projeto de Lei que cria a CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços, em substiuição ao PIS e Cofins) sejam revistas, porque significariam um imposto seletivo para as bebidas alcoólicas e um peso enorme para a a cachaça, que já é o produto mais tributado do país”, sustenta o diretor.

O segundo problema que impede otimismo tem a ver com o primeiro: o alto grau de informalidade existente entre as cachaçarias, já que poucas se dispõem a pagar impostos tão salgados. Hoje, apenas em Minas, segundo dados do Anuário da Cachaça 2021 cruzados com os do censo agropecuário do IBGE, de 2017, nada menos que 92% dos produtores sequer são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). É o segundo estado com maior informalidade em número de produtores.

Aliás, o mercado ilegal de bebidas alcoólicas, de modo geral, só faz crescer. Estudo da empresa Euromonitor Internacional, divulgado pelo Ibrac em 2019, registra que, em 2017, mais de 114 milhões de litros de destilados (em álcool puro), o equivalente a 28,8% do volume comercializado, eram ilegais. Em 2020, novo levantamento da mesma fonte estimou que a pandemia pode ter elevado o mercado ilícito a 40% do volume dos destilados.

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