Setor de petróleo e gás representa risco para bancos brasileiros

Agência Estado
05/02/2015 às 14:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:55

Os setores de petróleo e gás e construção representam uma fonte de risco para os bancos brasileiros, avalia a Fitch Ratings em uma teleconferência nesta quinta-feira (5). As instituições financeiras mais expostas são as de pequeno e médio porte e bancos públicos que continuaram aumentando os empréstimos para esses segmentos, avalia o diretor da agência de rating, Alejandro Garcia.

"O setor de petróleo e gás permanece uma fonte de risco, por conta do menor nível esperado de investimentos e dos efeitos potenciais do contágio das investigações das denúncias de corrupção (na Petrobras)", disse ele na apresentação, destacando que as perspectivas para as construtoras também não são nada animadoras. Uma redução do ritmo de investimento na Petrobras pode afetar toda a cadeia produtiva e outras empresas ligadas ao setor, afirmou Garcia.

A exposição dos maiores bancos privados aos dois setores é relativamente modesta e essas instituições estão melhor posicionados para absorver choques, de acordo com o diretor da Fitch. Já a exposição das instituições de menor porte é mais preocupante. A razão é que esses bancos têm concentração maior de empréstimos em alguns setores ou empresas.

Nesse cenário, Garcia disse que não podem ser descartados impactos negativos nos ratings de determinados bancos brasileiros, dependendo de quão expostos estão aos setores. "Eventuais problemas que aparecerem em empresas desses setores podem ter efeito material nas finanças dos bancos", afirmou. "Além da perspectiva de economia enfraquecida, a Fitch vai monitorar a exposição dos bancos a alguns setores, como o de petróleo e gás e construção, que têm perspectivas particularmente fracas", afirmou Garcia, citando ainda o setor de açúcar e etanol como outro segmento preocupante no País.

A Fitch traçou um cenário desafiador para o setor bancário do Brasil em 2015. "Bancos brasileiros: fortes ventos contrários" foi o título da apresentação feita nesta quinta-feira em uma teleconferência para analistas e jornalistas. O fraco crescimento da economia deve permanecer em 2015 e pode ser exacerbado pelo escândalo da Petrobras, avalia o diretor gerente da Fitch e responsável pela área de bancos da América Latina, Franklin Santarelli.

"Estamos confiantes de que haverá pressões para a qualidade das carteiras de crédito dos bancos brasileiros este ano", afirmou Garcia. Além das investigações de corrupção, o cenário de inflação permanentemente alta, o real desvalorizado e o potencial aumento do desemprego podem reduzir a flexibilidade financeira de algumas empresas desses setores. Os bancos brasileiros terão que lidar com riscos crescentes, disse o diretor da Fitch. "Desafios para o crédito fora do varejo também estão se desenvolvendo rapidamente para o lado negativo."

A inadimplência está baixa em créditos no varejo que têm garantias, como o consignado e o imobiliário. Ao mesmo tempo, as taxas de calotes têm aumentando em segmentos como cartão de crédito, em que não há garantias, destacou Garcia, ressaltando que os passivos das famílias estão em níveis recordes de alta. "Há colchões relativamente limitados de liquidez nos portfólios das famílias para absorver choques", disse ele.

Uma piora maior da inadimplência foi impedida nos últimos meses por uma maior seletividade dos bancos privados, destacou o diretor da Fitch, que espera também que o ritmo de empréstimo dos bancos públicos siga em redução nos próximos meses.
http://www.estadao.com.br

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