Setor siderúrgico volta a conviver com rumores de fusões e aquisições

Paulo Paiva - Do Hoje em Dia
05/08/2012 às 08:46.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:10
 (Usiminas/Divulgação)

(Usiminas/Divulgação)

O setor siderúrgico brasileiro, dominado por Usiminas, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), ArcelorMittal e Gerdau, voltou a conviver com rumores sobre fusões e aquisições nos últimos meses. Os rumores intensificaram-se depois que o grupo alemão ThyssenKrupp colocou à venda a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), produtora de placas de aço no Rio de Janeiro. Os alemães detêm 73,2% da CSA. Os restantes 26,8% são da Vale.

O destino da CSA chegou a ser discutido pelo Palácio do Planalto, que teme uma desnacionalização ainda maior do setor. A Arcelor é controlada pelo bilionário indiano Lakshmi Mittal e a Usiminas pelos ítalos-argentinos da Techint e japoneses da Nippon Steel. Restam a CSN, do barão do aço brasileiro, Benjamin Steinbruch, e a Gerdau, a multinacional verde-amarela da siderurgia. Grupo chineses seriam os mais cotados para comprar a CSA, o que poderia fazer o governo movimentar-se para impedir a aquisição.

Negociações

No Governo Lula, o BNDES chegou a articular a formação de uma grande siderúrgica nacional, envolvendo a fusão entre Usiminas e CSN, mas as negociações não avançaram. “Na época, o governo queria que a Vale entrasse mais fortemente na siderurgia, mas agora isso mudou”, diz uma fonte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O BNDES também nega qualquer movimento no setor. “O BNDES não interfere em questões empresariais. Não há estudos no banco sobre o assunto”, frisou a instituição em nota.

A mesma nota, contudo, lembrou que “como um banco controlado pela União, a proposição de suas linhas de atuação vem, naturalmente, do governo”, o que abre brecha para iniciativas de interesse do Planalto. Recentemente, por determinação do governo, o BNDES tentou viabilizar a aquisição da construtora Delta, no olho do furacão do caso Carlinhos Cachoeira, pelo grupo JBS. O negócio, que chegou a ser fechado, foi desfeito com a desistência do JBS.

No momento, há silêncio sobre o assunto. Usiminas, CSN, Gerdau e Arcelor disseram não ter interesse na CSA, embora Steinbruch tenha afirmado que poderia “estudar” a aquisição. O barão do aço quase levou a Usiminas no final do ano passado. “Batemos na trave”, disse uma fonte da empresa. O negócio só não deu certo porque a Nippon vetou a entrada de Steinbruch na Usiminas.

“Neste instante, a CSA é um elefante branco. Não há compradores. O setor não está rentável para ninguém”, diz o analista Aloísio Lemos, da Ágora Corretora (Grupo Bradesco). “E a concorrência chinesa está muito forte”, completa. Talvez seja exatamente esse ponto (a concorrência chinesa) que preocupe o Planalto.

Os chineses já são os maiores produtores de aço do mundo e suas empresas só perdem para a Arcelor. Aquisições no Brasil fariam sentido com a estratégia da China de garantir suprimento de matéria-prima.

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