Supermercados BH, em 17 anos, é a maior rede mineira e a 8ª do país

José Maria Furtado - Hoje em Dia
09/02/2014 às 10:46.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:54
 (Wesley Rodrigues/ Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/ Hoje em Dia)

Todos os dias, quando chega à sua sala, a primeira iniciativa de Pedro Lourenço de Oliveira, 58 anos de idade, sócio-diretor do Supermercados BH, de Contagem, é ligar o terminal de vídeo à sua direita. A ele estão interligadas todas as cerca de 1.300 caixas registradoras eletrônicas das atuais 127 lojas da rede, a maior de Minas Gerais por vendas e a 8ª maior do país.

Toda vez que a rede, de apenas 17 anos completos, perfaz mais um R$ 1 milhão redondo em vendas, o terminal de vídeo, que atualiza o total a cada segundo, emite o som de moedas tilintando.

Aos ouvidos de Pedro, admirador de música sertaneja – ele é patrocinador do cantor sertanejo Eduardo Costa –, a orquestra formada pelas registradoras toca a mais doce de todas as melodias, a do dinheiro entrando. A rodo: em 2014, o terminal vai ‘cantar’ uma média de 8 vezes por dia, uma vez que Pedro espera por um faturamento de pouco mais de R$ 3 bilhões, cerca de 10% maior do que o de 2013, de R$ 2,84 bilhões.

Isso é quase certo, pois no ano passado o Supermercados BH inaugurou sete lojas e comprou outras oito da rede Opção. Neste ano estão previstas mais oito inaugurações, em Montes Claros, Bom Despacho, Pará de Minas e o restante na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Porém, o seu alvo primordial, no momento, é mesmo o interior, e isso até um limite – seja lá qual for o rumo, norte, sul ou outro qualquer –, em quilômetros, equivalente à distância para Montes Claros, a 450 quilômetros de Belo Horizonte. “É de lá para trás. A ideia é ficar só em Minas”, diz Pedro.

Para ele, o interior é “bão de mexer”, melhor do que na capital. Não falta mão de obra e os funcionários são mais comprometidos, embora a competição seja até mais aguerrida do que na capital. “Gosto de competir. Quando eu abro uma loja e a concorrência, para me sacanear, põe o preço em quatro ou cinco itens lá em baixo, eu acho é bom, pois sei que ele não está concorrendo comigo e sim com o atacadista. Com isso, logo logo o bobão fica sem estoque e sem atender a sua verdadeira clientela”, ensina.

O empresário se diz católico e diz apoiar todas as religiões. Mas, tal qual a ala mais progressista da Igreja Católica, a da Teologia da Libertação, Pedro fez uma opção – mercadoló-gica – preferencial pelos pobres. “Sou o rei da periferia, mas acho que ricos e pobres são todos iguais e merecem a mesma atenção”, diz Pedro.

Origens

Por isso, a maioria das lojas do Supermercados BH está em bairros da periferia da Grande Belo Horizonte. “Eu venho de uma família pobre, lá da pequena Paineiras, à beira do Rio São Francisco, e nunca esqueci a minha origem”, diz Pedro, hoje dono de um Mustang (não o carro da Ford, mas o avião da Cessna). “Dou valor a ela, sei bem o que esse povo passa. Quando decidi abrir a primeira loja, procurei a periferia porque ela se parece comigo, com meu jeito de ser. Não sou desleal com o meu público, não meto a faca. Como vem dando certo, mantenho minhas lojas voltadas às classes C, D e E”.

Tudo começou em 1996. Pedro, depois de passar por uma rede já extinta de supermercados, era então um representante comercial de um atacadista de arroz e ‘morria de vontade’ de ter uma mercearia. A oportunidade, na forma de ponto comercial, apareceu no bairro São Benedito, em Santa Luzia.

Lá ele fazia de tudo: comprava, atendia à clientela, pagava... “Fui espremendo o caldo, achando bom negócio, comecei a expandir e deu certo”, resume ele, que logo já abrira uma meia dúzia de lojas na mesma região a partir do reinvestimento de todo o lucro no próprio negócio.

Agrado

De início, os barões do ramo riam do seu jeito meio rústico e sotaque caipira, e também da sua opção mercadológica. “Quando pobre come frango, um dos dois está doente”, diziam-lhe, entre outros ditados sobre os menos favorecidos. “Quando alguém fala ‘você é um supermercadista da periferia’, ele ‘tá’ é me agradando”, rebate Pedro.

“Hoje eu vendo até para a classe A”, entrega. “Porém, o preço é o mesmo em todas as lojas. Não acho que a população de um bairro, por causa da sua melhor condição social, deva pagar mais caro do que outras, de bairros mais pobres. Mas deixa eles falarem. Me sinto bem assim. Aqui o executivo sou eu, o dono. Por isso a decisão sai na hora e a gente está aí, só crescendo e incomodando”.

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