Nos próximos meses, os produtores familiares das cidades de Lavras e São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, vão receber orientação profissional sobre como garantir o equilíbrio entre custo e produção e obter rentabilidade nos negócios. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, foi a primeira a ser beneficiada pelo trabalho desenvolvido por pesquisadores e técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater).

Por meio de uma avaliação socioeconômica detalhada, que apontou os problemas e as soluções da gestão local, o projeto “Assistência técnica e avaliação econômica da produção de leite em propriedades familiares” envolveu 42 produtores.

Durante dois anos (2012-2014), os profissionais prestaram assistência e analisaram a rentabilidade nos sistemas familiares de produção de leite das propriedades rurais de Uberlândia. O estudo apontou que cerca de 40% dos pecuaristas precisariam melhorar a escala de produção e obter um ponto de equilíbrio nas contas.

“Com a orientação recebida, alguns produtores passaram a suplementar as vacas com rações e a praticar duas ordenhas diárias. Mas o maior benefício foi a adoção do registro de receitas e despesas”, afirma o pesquisador da Epamig Djalma Pelegrini. Para ele, é preciso perceber a importância do gerenciamento dos custos e a necessidade do cooperativismo na atividade. “A compra coletiva de ração e medicamentos, por exemplo, pode ser uma alternativa para diminuir os gastos efetivos da propriedade”.

No campo

Djalma Pelegrini ressalta ainda a importância de Minas na produção leiteira do país. “É um Estado com contingente expressivo de famílias que praticam a atividade. No entanto, muitos enfrentam dificuldades no gerenciamento do negócio e, por causa disso, acabam desistindo do campo e indo para a cidade. Esse trabalho contribui para a redução do êxodo rural, pois apresenta uma forma simples de gestão, em busca de maior rentabilidade e sustentabilidade para os produtores”, explica.

Durante todo o projeto também foram discutidas outras ferramentas de gestão para a análise de despesas e receitas nas propriedades rurais. O objetivo era identificar os sistemas de produção de leite mais eficientes e melhores estratégias de cruzamento para os rebanhos.

De acordo com a coordenadora de Transferência de Tecnologia da Epamig, Juliana Simões, a metodologia será aplicada em outras regiões do Estado. “Em 2010, realizamos um diagnóstico rural da microrregião de São João del-Rei que contribuiu para os trabalhos da pesquisa e da extensão rural na região, além de auxiliar o dia a dia do produtor”, afirma.

O trabalho realizado em Uberlândia resultou na cartilha “Gerenciamento de custos na atividade leiteira”, que está disponível no site www.epamig.br

Resultados

O produtor Luiz Silva Batista, do Sítio Quilombo, em Monte Alegre de Minas, faz diariamente as anotações de ordenha, aplicação de medicamentos e manejo das 24 vacas mestiças de leite. Ele passou a registrar, nos últimos dois anos, receita e despesa para saber a rentabilidade da produção, que é vendida para a cooperativa da região. “Tenho dificuldade com essa parte administrativa, mas, a partir desse controle, tive mais segurança para realizar investimentos”, conta.

Controle

Há oito anos, Inez e Robson Borges produzem queijo frescal em Uberlândia. O casal ficou satisfeito com o resultado obtido. Eles contam que buscaram mais conhecimento técnico e passaram a controlar o fluxo de caixa. Isso os ajudou a perceber como poderiam economizar sem comprometer a produção e garantem estar mais seguros na tomada de decisão.

Eles comemoram a produção diária de 55 queijos, apenas com mão de obra familiar, que garante renda para a educação dos filhos.
 

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