Tarifa de escassez de energia deve turbinar ainda mais a inflação

André Santos
primeiroplano@hojeemdia.com.br
01/09/2021 às 19:19.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:48
 (Cristiano Machado/Hoje em Dia)

(Cristiano Machado/Hoje em Dia)

A escalada inflacionária, que já chega a 9,3% no acumulado dos últimos 12 meses – bem acima do teto da meta do Banco Central para o ano (5,25%) –, ganhou novo e indigesto ingrediente.

O anúncio da criação de uma bandeira tarifária extra para as contas de energia elétrica (a “bandeira da escassez”, que eleva a bandeira vermelha 2, empregada hoje, de R$ 9,49 para R$ 14,20, a cada 100 kw consumidos), feito pelo governo federal, irá onerar ainda mais os custos dos consumidores e dos setores produtivos. 

Um dos exemplos do impacto será sentido na conta de luz, que ficará em média 6,78% mais cara. O preço do pãozinho de todo dia também deverá ser afetado, já que a energia elétrica tem um peso de pelo menos 12% no total gasto para produzir o alimento.

Segundo o economista Rafael Foscarini, o aumento da energia deve turbinar a inflação, principalmente pelo fato de a cobrança ser estendida até abril de 2021. “Os últimos aumentos já causaram impactos, mas esse vai gerar efeito mais prolongado, pela incerteza de duração da atual crise hídrica”, explica.

Governo pede que todos reduzam uso de chuveiro e ferro elétrico, por exemplo; quem economizar ganhará descontos na conta de luz

Produção

A performance das indústrias sofrerá impacto direto da nova bandeira. Segundo a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), os setores mais afetados devem ser os eletrointensivos, como as produtoras de ferroligas, gás industrial, siderurgia e borracha. Para o vice-presidente da Fiemg, Márcio Danilo Costa, o aumento de custo não é bom para o setor produtivo, mas a medida tomada pelo governo é necessária para custear o acionamento das termelétricas. “Só há atendimento à carga se houver acionamento dessas usinas porque a ‘caixa d’água’ está vazia. Vamos perder em competitividade e haverá aumento nos custos dos produtos, mas não há outra saída”, destaca o dirigente.

Repasse de preços

Com a conta de energia ainda mais cara, os donos de bares e restaurantes também preveem repasse aos consumidores. “O aumento da energia elétrica é mais um complicador para o setor. Não há mais espaço para segurarmos tantos custos que só sobem a cada dia. O faturamento tem aumentado, mas isso não se reflete em lucro. Então, não há como represar mais o repasse aos preços”, afirma Matheus Daniel, presidente da Abrasel-MG.

  

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