(Arquivo Hoje em Dia)
As exportações de carne suína deverão sofrer um baque com a elevação das tarifas de importação anunciada, na última quinta-feira (27), pela Ucrânia, segundo maior comprador do produto brasileiro. Além da carne de porco, a Ucrânia informou à Organização Mundial do Comércio (OMC) que elevará as tarifas de mais de 350 produtos. A Ucrânia responde por 23,1% da carne suína exportada pelo Brasil. As vendas somaram US$ 215,2 milhões entre janeiro e agosto. O principal importador ainda é a Rússia, com participação de 25,3% e receita de US$ 235,9 milhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Para o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, ainda é prematuro avaliar o tamanho do impacto da iniciativa da Ucrânia. “As alíquotas hoje giram entre 0% e 20% e os ucranianos solicitaram à OMC ultrapassar a cotação máxima. Todos os países pertencentes à OMC se comprometem com as tarifas e, normalmente, são negociadas pequenas alterações”, disse. Proteção A Ucrânia tenta proteger seu setor agrícola. De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Ricardo Albanez, uma possível elevação das alíquotas por parte da Ucrânia deve ser vista com preocupação. No ano passado a Ucrânia foi o segundo mercado que mais comprou a carne suína de Minas Gerais, gerando uma receita de US$ 10,3 milhões. Este ano, entre janeiro e agosto, o montante chegou a US$ 7,1 milhões, cerca de 10% da receita total. “Estávamos com uma perspectiva positiva no volume das exportações de carne suína, com crescimento de 66% no período. Enquanto nos primeiros oito meses de 2011 exportamos 15,7 mil toneladas, no mesmo intervalo deste ano foram 26,1 mil toneladas”, comparou. Segundo Albanez, o impacto das restrições impostas pela Ucrânia poderá se refletir também no mercado interno, com o aumento da oferta e queda de preços. Competitividade O presidente da Comissão Técnica de Suinocultura da Faemg e vice-presidente da Asemg, José Arnaldo Cardoso Pena, observa que a iniciativa da Ucrânia ainda precisa passar pelo crivo da OMC, onde poderá ser amenizada. “Se houver algum reflexo, o mais provável é que aconteça a partir do próximo ano. Grande parte dos contratos já estão fechados”, afirmou. O Brasil produz 3,4 milhões de toneladas de carne suína e Minas gerais responde por cerca de 12% deste volume. Das 400 mil toneladas, o Estado estima exportar 50 mil toneladas e o restante absorvido pelo mercado interno.