Um empurrão que vale ouro para os jovens atletas

30/07/2012 às 21:58.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:58
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Atletas bolsistas despontam como esperança de medalha brasileira nos jogos olímpicos de Londres este mês

27 de julho, Inglaterra. Entre os 10,5 mil atletas que disputarão medalhas em 26 modalidades esportivas das Olimpíadas de Londres, um jovem judoca brasileiro da categoria peso leve tem motivo duplo para comemorar. Alex Willian Pombo Silva não só acaba de completar 25 anos de idade, como participa pela primeira vez das Olimpíadas. "É uma experiência única conviver com atletas da mesma categoria e ao mesmo tempo estar me preparando para 2016", revela, referindo-se aos jogos olímpicos do Rio de Janeiro. Alex Pombo, que tem como um dos ídolos o colega Luciano Corrêa (campeão mundial de judô e promessa do ouro em Londres), trocou São José dos Campos (SP) por Belo Horizonte, onde mora há dois anos com mais dois atletas e treina o dia inteiro.

Dieta balanceada

Com quatro anos de dedicação a competições mundiais, só a saudade da família fica cada vez mais difícil de vencer."Minha família me apoia muito. Incentiva, mesmo morando longe. Mas estão sempre com uma torcida intensa e isso me passa muita coisa positiva", diz Pombo.

A bolsa mensal de R$ 1.250 que lhe é paga pelo governo estadual ajuda no financiamento de um curso de inglês e, principalmente, na frequência aos treinos: "Me deu mais tranquilidade, pois tive que parar a faculdade por causa das constantes viagens para competições e não estava conseguindo realizar todas as obrigações",diz Pombo.

A viagem para Londres está sendo bancada pela Confederação Brasileira de Judô. Dessa vez, Alex Pombo integra a equipe como "sparing" (reserva), mas, se depender do currículo repleto de conquistas como bi-campeão brasileiro e campeão sul-americano, tem tudo para vestir o kimono de titular em 2016.

Quem divide com Alex Pombo o sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro é Dádila Rodrigues, 28 anos, da equipe de halterofilismo do Minas Paraolímpico de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, quatro vezes recordista em apenas um ano e medalha de ouro no Brasileiro em Goiás.

Dádila, que deve ao esporte a sua recuperação física e mental depois de um grave acidente que a deixou paraplégica, tem como meta a classificação para as paraolimpíadas de 2016. "Já estou treinando para atingir um índice olímpico, com o foco voltado para a vaga", afirma.

Mas, para chegar lá, não basta levantar cerca de 50 quilos todos os dias. Dádila, que mora com a avó adotiva, trabalha como auxiliar administrativo, faz faculdade de Gestão Financeira e cursos de musculação e inglês. Ela calcula que chega a gastar R$ 800 por mês com suplementos alimentares e refeições balanceadas de 2,5 mil calorias. Para não fechar o mês no vermelho, os R$ 650 do Bolsa-Atleta estadual são indispensáveis. "Antes de ter o benefício eu passava dificuldades para me alimentar corretamente e não tinha condição nenhuma de ter algum tipo de suplemento para ajudar nos treinos", afirma Dádila.

 

O programa Minas Olímpica Bolsa Atleta beneficia atletas em Belo Horizonte, Uberlândia e outros 26 municípios (Foto Lucas Prates)



Com investimento de R$ 1 milhão, o programa Minas Olímpica Bolsa Atleta, implantado no ano passado, beneficia atualmente 127 atletas em Belo Horizonte, Uberlândia e outros 26 municípios mineiros. O valor da bolsa é proporcional ao número de títulos nacionais e internacionais dos atletas e subsidia gastos com viagens, estadia, alimentação, inscrições em competições e demais despesas. Ainda em fase de elaboração, o programa Minas Olímpica pode incluir o Bolsa Treinador que vai estender os benefícios a treinadores e técnicos.
 

Treinamento esportivo

Mas não basta incentivar, é preciso ter condições de manter em Minas Gerais atletas com potencial olímpico como Alex e Dádila e, por que não, atrair para cá futuros medalhistas?

Com esse objetivo, R$ 70 milhões devem ser investidos na construção do Centro de Treinamento Esportivo que vai ocupar uma área de 13,8 mil metros quadrados na parte baixa do Centro Esportivo Universitário (CEU). O CTE, que está sendo construído por meio de parceria entre os governos estadual e federal e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), já conta com uma pista de atletismo certificada pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), entregue em 28 de junho deste ano. A pista ganhou a aprovação dos Comitês Olímpicos de Brasil (COB), Portugal (COP) e Itália (CONI), e tem tudo para colocar de vez Minas Gerais na linha de chegada dos eventos esportivos mundiais. O complexo também disponibilizará parque aquático, ginásio poliesportivo e laboratórios de pesquisa aplicada ao esporte.

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