Universidade vira celeiro de pequenas empresas inovadoras

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
07/10/2013 às 06:40.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:07

O Brasil tem mais de 5 milhões de empresas, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae). As micros e pequenas representam 98% do total e são responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto brasileiro. E as universidades têm se destacado cada vez mais como berço de ideias para novos e promissores negócios, com faturamento na casa dos milhões.

É o caso da Invita Nutrição Especializada, desenvolvedora de produtos destinados ao tratamento de doenças raras como a fenilcetonúria, detectada no teste do pezinho e que, caso não seja tratada nos primeiros 20 dias de vida, provoca sérias consequências ao sistema nervoso.

A empresa, que chegou ao mercado em 2010 e deve faturar em 2013 mais de R$ 1 milhão, surgiu do esforço de seis pesquisadores da área de ciência de alimentos da Faculdade de Farmácia da UFMG e do conhecimento de 30 anos de pesquisa da professora Marialice Coelho Silvestre.

Orgulho

Ex-aluno e hoje executivo, Wendel Oliveira Afonso orgulha-se de que pais de crianças com fenilcetonúria, cuja prevalência é de um para 15 mil recém-nascidos, não dependam mais de produtos importados.

“Percebemos a necessidade do desenvolvimento de complementos nutricionais para tratamento de doenças raras, uma vez que já foram observados mais de 500 tipos de males de origem genética”, diz. Atualmente, são 10 produtos no portfólio.

Afonso descreve a trajetória que levou ao sucesso. Depois de captar recursos para pesquisa com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a empresa foi selecionada para receber, em 2010, investimentos do Criatec, fundo com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB) destinado à aplicação em empresas inovadoras.

A sociedade, que pode durar até dez anos, garante à Invita o apoio no processo de gestão. A equipe de desenvolvimento e pesquisa conta com nove pessoas, que dão expediente em um dos laboratórios da Biominas, que reúne diversas incubadoras.

Empreitada

O conhecimento da sala de aula também ajudou a dar fama, dinheiro e clientes à Cromic, fábrica de tênis localizada em Nova Serrana, polo calçadista de Minas. Irmão mais velho, Moacir Aparecido Silva, que era dono de um açougue, convidou o caçula para a empreitada: abrir uma empresa de calçados esportivos.

Juntos, os dois entraram em contato com “a melhor equipe multidisciplinar da UFMG”, formada por fisioterapeutas, engenheiros e professores de educação física, para desenvolver uma tecnologia de proteção biomecânica para os pés.

“Ficamos conhecidos graças a esse produto”, diz Silva. A produção, hoje em 2 mil pares por dia, incluindo outros tipos de tênis e sapatênis rende R$ 1 milhão por mês.

Boas ideias surgidas no campus transformam alunos em empresários

Foi do campus da PUC Minas que surgiu os primeiros esboços do que viria ser a Dito Internet, especialista na criação de negócios através da influência dos relacionamentos nas redes sociais, que em 2013 planeja faturar algo na casa dos R$ 2 milhões.

Dentro do Programa Célula de Aceleração, uma parceria entre a universidade católica e a Fundação Mineira de Software (Fumsoft), o sonho dos estudantes de Ciência da Computação André Fonseca e Bruno Andrade virou uma realidade para lá de rentável.

“Criamos ferramentas para marcas nas redes sociais, usando a força de amigos para fidelizar clientes”, diz Fonseca.

E não são quaisquer marcas. O ex-universitário e sua equipe atendem hoje Fiat, MRV, TIM, Ingresso.com, entre outras empresas de grande porte. Do espaço na Fumsoft, a dupla se mudou para meio andar corrido de um prédio na Savassi.
E não só alunos que estão se tornando empresários. O mesmo caminho é trilhado por professores universitários.

Quando ainda lecionava no UNI-BH, Dalton Leal, hoje mestre na Fumec, começou a desenvolver softwares, com o objetivo de melhorar a produtividade no desenvolvimento de páginas e sistemas para a internet.

“Então, abri o Ipec, que acabou, a convite da Adobe, transformado no primeiro centro de treinamento da companhia em Minas”, recorda.

Com a exclusividade, o crescimento nos primeiros cinco anos de vida chegou a 400%. Hoje, são 90 alunos por mês no Ipec, e uma expectativa de expansão mais modesta, embora relevante: 5% em 2013, na comparação com 2012.

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