Editorial: Relatório da ONU aponta melhorias no continente

Do Hoje em Dia
26/08/2012 às 07:52.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:45

  A desigualdade na distribuição de renda no Brasil diminuiu desde 1990, quando o país era considerado o campeão da iniquidade em nosso continente, segundo o relatório “Estado das Cidades da América Latina e Caribe-2012”, do programa ONU-Habitat. Mesmo assim, nossa distribuição de renda continua entre as piores da região, a mais desigual do mundo. O Brasil está à frente apenas de Guatemala, Honduras e Colômbia.    Na região abrangida pelo relatório divulgado na semana passada, 20% da população mais rica possui renda per capita 20 vezes superior à renda dos 20% mais pobres. Uma das consequências dessa injusta distribuição da riqueza é a baixa renda per capita, de apenas US$ 4.823, contra a média mundial de US$ 5.868. A concentração de renda não contribui para a geração de riqueza, sobretudo quando os ricos enviam parte da poupança para paraísos fiscais.    Um ponto positivo do relatório da ONU é que a alta urbanização da América Latina, próxima de 80%, parece ter chegado ao seu limite, bem como o êxodo para as grandes cidades. A atração agora é por cidades com menos de 500 mil habitantes, onde já vivem 222 milhões de pessoas, ou metade da população da região. Megacidades, como Belo Horizonte, ganham melhores condições de planejar seu futuro.   Outro ponto favorável é a diminuição da taxa de natalidade. Depois da explosão demográfica ao longo do século passado, o número de filhos por mulher está agora em 2,09, contra 5,8 em 1950. Dos atuais 588 milhões de habitantes, 65% estão na idade mais propícia para trabalhar. Isso representa uma janela de oportunidades para aumentar, na região, a poupança e o investimento. É preciso aproveitar esse bom momento para criar condições para que essa população possa gerar renda e riqueza.   Já se observou, desde a última década, aumento da população ocupada nas metrópoles latino-americanas, em ritmo maior que o crescimento da população em idade ativa. Esse fato possibilitou sensível melhoria nas condições de vida. Mesmo assim, a América Latina continua com um passivo de 180 milhões de pobres, ou 33% da população (eram 48% em 1990) e 71 milhões de indigentes.    Esse problema só será minimizado com a adoção de políticas de distribuição de renda. O Brasil caminhou nessa direção, nos últimos anos, mas precisa avançar muito mais, para alcançar o nível de igualdade social da maioria dos países vizinhos. E poder um dia atingir o patamar das nações mais desenvolvidas do mundo.

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