Educação no trânsito

Do Hoje em Dia
06/08/2012 às 06:09.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:11

  O número excessivo de atropelamentos de pessoas em Belo Horizonte tem como uma de suas causas a falta de educação para o trânsito. Pedestres e motoristas deveriam ter sido educados, desde os bancos escolares, para uma convivência menos conflituosa e mortal. Na semana passada, este jornal revelou que 105 pessoas morreram atropeladas na capital mineira em 2010. Mesmo que o número tenha caído para 76 no ano passado, o problema continua sendo de extrema gravidade, apesar da aparente indiferença dos governantes a esse respeito.   É evidente que o trânsito, na capital, não é uma questão apenas municipal, pois pelas vias da cidade circulam pessoas e veículos vindos de diferentes regiões mineiras. Os atropelamentos ocorrem de forma generalizada em todos os municípios, a indicar que este não é um problema localizado nem exclusivo das grandes cidades. O desrespeito ao Código de Trânsito Brasileiro se traduz pelo grande número de multas aplicadas pelo Detran mineiro, não obstante a reconhecida deficiência da fiscalização. Nos últimos dois anos, foram mais de 5,8 milhões de multas, no valor total de R$ 457 milhões.   O Código determina, em seu artigo 320, que “a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito”. Apesar dessa recomendação expressa, apenas R$ 14 milhões, ou 3% do arrecadado em dois anos foram aplicados em ações educativas pelo governo de Minas. O valor das multas varia de R$ 53,20 a R$ 957,69, dependendo da gravidade da infração, mas foram gastos com a educação de trânsito apenas R$2,53 por multa, em média.    A sinalização, também relevante para a segurança no trânsito, é outro problema na cidade. A BHTrans admitiu que 40% das faixas de pedestres situadas na região central – ou seja, aquela demarcada pela avenida do Contorno – não se encontram em bom estado de visibilidade. Em 770 dessas faixas, há risco para os pedestres, pois os motoristas não as percebem a tempo. Em bairros mais distantes e menos expostos às críticas, a situação é possivelmente bem pior.    A desatenção pode ser constatada em vários pontos da própria avenida do Contorno: o sinal de pedestre fica verde num dos lados da avenida, ele atravessa e tem que esperar no canteiro central, expondo-se a riscos, até que possa concluir a travessia. Aqui, a preferência não é do pedestre, mas da máquina. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por