Eliminar dívidas é o primeiro ato para equilibrar orçamento em 2021

André Santos (*)
andre.vieira@hojeemdia.com.br
01/01/2021 às 18:13.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:49
 (RICARDO BASTOS/arqui voHOJE EM DIA)

(RICARDO BASTOS/arqui voHOJE EM DIA)

A pandemia de Covid-19 – que ainda se alastra neste ano, com efeitos colaterais sobre a economia – mostra a importância de as pessoas terem uma reserva financeira para enfrentar adversidades. Com o acerto do 13º salário em dezembro, ainda é possível fazer um planejamento para ter mais tranquilidade em relação ao orçamento em 2021, principalmente com a chegada de despesas como o IPVA e IPTU, por exemplo. Na avaliação de especialistas, o primeiro passo e mais importante é pagar as dívidas que têm juros mais elevados. 

“As reservas financeiras são, antes de tudo, importantes para gastos imprevistos. Por exemplo, em saúde ou no conserto do carro ou do imóvel”, afirma o economista e professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques. 

Especialista em educação financeira, ele sugere que, tendo um dinheirinho sobrando, as pessoas procurem, primeiro, quitar dívidas que, em função dos juros, estejam crescentes. Ele aconselha ainda que parte do 13º salário seja reservada para os imprevistos neste ano.

Como a redução de jornadas e salários em 2020 complicou ainda mais a situação financeira de muitas famílias, e em vários casos esse achatamento continuará repercutindo nos lares em 2021, o conselheiro da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Andrew Frank Storfer, sugere que em primeiro lugar o problema seja compartilhado com a família.

“A primeira coisa a ser feita é saber qual o real valor que se ganha mensalmente. Depois, levantar todos os gastos da família, sem exceção. Até o cafezinho após o almoço”Mafalda Ruivo - professora Faculdades Promove

“A partir daí, analisar o que pode ser cortado e que gastos podem ser adiados. É importante também entender que não se pode contar antecipadamente com uma melhora no futuro, e que fazer um empréstimo ou entrar em cheque especial nada mais é que empurrar para a frente a conta a ser paga”, acrescentou, ao lembrar que os juros no Brasil “continuam altíssimos e proibitivos”.

Uma pesquisa realizada no fim do ano passado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostrava que 66% das famílias brasileiras estavam endividadas, principalmente com o cartão de crédito (77,8%). No entanto, na avaliação da economista e professora das Faculdades Promove, Mafalda Ruivo Valente, é possível buscar reverter este quadro neste ano. 

“A primeira coisa a ser feita é as pessoas saberem qual é o real valor do que ganham mensalmente. Depois, levantar todos os gastos da família, sem exceção. Todos mesmo, até aquele cafezinho que se toma após o almoço. É preciso enxergar para onde o dinheiro está indo”, enfatiza. Feito isso, é necessário colocar tudo em uma lista para elencar as prioridades.

O consultor financeiro Paulo Vieira afirma que neste momento é preciso fazer uma diferença entre as despesas fixas e variáveis. Por exemplo, contas que têm valores fixos como prestação de carro ou imóveis são gastos fixos. As outras são classificadas como variáveis – contas de luz, água, cartão de crédito, supermercado e combustíveis, por exemplo. “Ao se fazer esta separação, fica mais fácil estabelecer o controle e priorizar os gastos”, ensina o consultor.

Segundo Paulo Vieira, após o ciclo de um ano de controle de gastos, a pessoa já começa até mesmo a planejar como pode iniciar uma poupança para adquirir bens a longo prazo, como automóveis e imóveis. “Ao fechar o ciclo, a pessoa consegue comparar como gastava os recursos antes e como faz agora. Isso dá clareza e permite o planejamento a longo prazo. É difícil, mas todos têm que lembrar que não existe café de graça. Tudo tem um preço”, afirma. 

Mafalda Ruivo enfatiza também que é necessário pelo menos seis meses de acompanhamento rígido para começar a identificar por onde o dinheiro está saindo e iniciar a mudança nos hábitos. “Fazer este planejamento é algo que exige, acima de tudo, muita disciplina. Porque é necessário ser radical. Tem que fazer escolhas, que muitas vezes exigem mudanças de hábito em um primeiro momento, mas que, no fim, garantem a possibilidade de mudar a forma de lidar com o dinheiro”, explica.

(*) Com Agência Brasil

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