Em BH, Manuela D'Ávilla defende programa conjunto da esquerda e diz não haver pulverização

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
26/01/2018 às 19:35.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:59
 (Filipe Motta/Hoje em Dia)

(Filipe Motta/Hoje em Dia)

A pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, Manuela D´Ávila, defendeu, nesta sexta-feira (26), em Belo Horizonte, a construção de uma agenda política comum entre os candidatos de esquerda, e afirmou que o documento já vem sendo preparado, em diálogo com as pré-candidaturas de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT). Ela também criticou a visão de que diversas candidaturas de esquerda possam fragmentar o eleitorado e favorecer direita e extrema-direita, como Jair Bolsonaro (PSL).

“Por que eles estariam concentrados e nós pulverizados? Eles também tem uma gama de candidatos que defendem as mesmas coisas. O Bolsonaro é um ponto fora da curva, porque está a serviço deles e vocaliza outras opiniões, com essa verborragia do ódio que ele tem. Mas o resto tem a mesma equação de Estado mínimo, reformas que tiram os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e de não enfrentar políticas que possam revitalizar a nossa indústria”, afirmou.

A deputada federal gaúcha disse que ainda não pode adiantar os tópicos do documento que vem sendo elaborado pelos pré-candidatos de esquerda, mas, assim como já foi colocado por Lula, defendeu a realização de referendos para avaliar a possibilidade de derrubada de medidas criadas no governo Michel Temer, como a Reforma Trabalhista, a Emenda Constitucional 95 (conhecida como PEC do Teto dos Gastos) e a restrição de liberação de crédito pelo BNDES.

“O mundo aponta para medidas ultraconservadoras para a saída da crise econômica que teve início em 2008 e acho que o Brasil não pode ser coadjuvante, com medidas de austeridade. O Brasil pode ser protagonista em medidas em que o Estado tenham no centro a garantia dos direitos dos trabalhadores. A gente precisa construir saídas, já que o povo vive a realidade do desemprego, com 12 milhões de desempregados”, afirmou, em conversa com jornalistas.

Como uma das saídas para investimentos no país, citou a taxação de grandes fortunas. “Isso não é coisa de extrema esquerda. Se faz em muitos países e a direita deixou de fazer no Brasil. Há 50 anos, por exemplo, se tributa de forma progressiva na Inglaterra. Não é nada ‘revolucionário de esquerda’”, pontuou.

Manuela também deixou em aberto a construção alianças futuras com o PSOL e mesmo com a Rede, da ex-senadora e também presidenciável Marina Silva. 

“Temos ótima relação, bem sólida, com Guilherme Boulos (líder do MTST e possível candidato à presidência pelo PSOL). Estive reunia com ele na última semana, junto do presidente Lula. Quanto à Rede, Marina ainda está se posicionando, ainda não sabemos onde ela está - não que eu tenha algum juízo em relação a isso. Mas a Rede tem quadros fantásticos. Na média, tenho uma excelente relação com a Rede”, afirmou a deputada.

A presidenciável ainda defendeu a postura do governo de Minas Gerais em rejeitar a proposta do governo Temer para financiamento das dívidas dos Estados e o encontro de contas com a compensação pela lei Kandir. A medida é uma proposta do governador Fernando Pimentel (PT), com quem ela esteve reunida em parte da tarde.

Ela também voltou a defender a candidatura de Lula, criticando a condenação do ex-presidente pela justiça federal. “O juízo político é o juízo das urnas”, disse. "Nós trabalhamos com a nossa candidatura e não trabalhamos com a hipótese dele não estar".

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