Em plena crise, sobra emprego para trabalhador qualificado em Minas

Raul Mariano - Hoje em Dia
05/07/2015 às 08:39.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46
 (Frederico Haikal )

(Frederico Haikal )

O cenário de crise e as demissões em vários setores da economia convivem com vagas em aberto em Belo Horizonte. Mais da metade dos empregos oferecidos na capital pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), no primeiro semestre do ano, não econtraram candidatos qualificados.   Das 2.762 vagas ofertadas de janeiro a junho em BH, 1.733 não foram preenchidas. Em todo o Estado, o número de postos de trabalho sem preenchimento no mesmo período ficou entre 22 mil e 24 mil, sendo que mais de 36 mil vagas foram oferecidas.   Cargos operacionais como zelador, recepcionista, pizzaiolo, repositor de mercadorias, frentista e vidraceiro são comuns. Mas as vagas de gerência são as que mais enfrentam dificuldades para serem preenchidas.   Segundo levantamento do Sine, vagas de gerente de produção e operação, gerente administrativo e gerente comercial permaneceram em aberto à espera de candidatos qualificados nos primeiros seis meses de 2015.   “Há diversos motivos para o não preenchimento das vagas. Falta de trabalhadores com a qualificação e experiência necessárias, vagas com pouca atratividade, poucos benefícios e até mesmo a variação do fluxo de procura, que varia ao longo do ano e depende do aquecimento do mercado”, explica o diretor de Política de Emprego da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Frederico Ribeiro.
De acordo com o diretor, a piora do mercado de trabalho já é percebida pela secretaria e há um esforço para potencializar o preenchimento das vagas abertas pelo Sine.
"A orientação é que nossas equipes negociem com os empregadores, ajustando algumas características que sabemos serem as mais críticas para encontrar o trabalhador demandado”, explica, apontando a importância da concessão de benefícios e a dispensa do sábado.

Mudança de área
A pouca procura pode ser motivada também pela insatisfação de profissionais com fatores como remuneração e carga de trabalho. A ex-operadora de telemarketing Regiana Aparecida Batista relata que vai apostar no próprio negócio.
“Acabei de me formar em Letras e pretendo abrir um centro de reforço escolar para dar aulas de português e inglês, mas vejo que o mercado está difícil”, diz.   O jovem Bruno Leonardo da Silva procura um emprego com carteira como atendente ou operador de caixa, mesma função que chegou a desempenhar por mais de um ano na informalidade.
“Sempre ganhei a média de um salário mínimo. Se eu conseguir emprego, acho que o salário vai ser igual. Quero fazer curso de técnico em segurança do trabalho”, diz Silva.   3% é a estimativa de queda da renda real no país em 2015, segundo a Fundação Getúlio Vargas   Para quem está em busca do primeiro emprego, a dificuldade é a exigência de experiência que acompanha muitas vagas. “Por isso, estou buscando uma oportunidade como aprendiz”, relata Tayná de Souza.     Para especialistas em mercado de trabalho, além da qualificação – essencial para permitir que o candidato encontre espaço no mercado – , é importante que o profissional esteja atento ao perfil do cargo que procura. “A falta de um direcionamento (na hora de buscar uma vaga) muitas vezes impede que os profissionais sejam absorvidos pela empresas”, explica o professor de Administração de Recursos Humanos da Faculdade Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS), Marcelo Ribeiro Rocha.
A opção por concursos públicos pode refletir o problema, caso a escolha não seja bem pensada. “Os concursos são boas oportunidades, oferecem segurança. Mas migrar não é necessariamente melhor. Fazer concurso para uma área na qual o candidato não tem formação pode ser arriscado”, destaca Rocha.

Planejamento   Elaborar um planejamento a médio e longo prazo também pode fazer toda a diferença para a vida profissional do indivíduo. Tendo metas e objetivos claros fica mais fácil buscar o aperfeiçoamento necessário para crescer na área de atuação, conforme explica a Coordenadora do Ibmec Carreiras em Minas Gerais, Fernanda Schroder.   “Há muitos candidatos que não sabem ao certo o que querem. Falta autoconhecimento e foco. As empresas querem fazer mais com menos e buscam pessoas com mais habilidades e que entreguem mais resultado. O profissional precisa saber das qualidades que tem, mas também dos pontos a serem desenvolvidos”, analisa.
Além da falta de interesse ou incompatibilidade de candidatos com as vagas oferecidas, as expectativas sobre o mercado não são boas.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o medo do desemprego atingiu em junho deste ano o nível mais elevado desde setembro de 1999, com 104,1 pontos.   - A função de alimentador de linha de produção liderou o ranking de disponibilidade em Belo Horizonte. No primeiro semestre, 11.923 vagas foram ofertadas   - Dentre os 133 postos do Sine no Estado, Uberlândia lidera o ranking por quantidade de colocados. O município empregou, entre janeiro e maio, 1.416 trabalhadores   - A taxa média de desemprego de 2015 no país deverá ser de 8,1% (+1,3 ponto porcentual em relação a 2014) , segundo a FGV   - Em junho deste ano, o medo do desemprego cresceu 36,8% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, conforme dados da CNI   - 31 mil pessoas foram demitidas do comércio varejista em mg no mês de maio, segundo o ministério do trabalho e emprego

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