Em três anos, casos do 'golpe do noivo' envolvendo a ONU cresceram 900% no Brasil

José Vítor Camilo
24/09/2019 às 18:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:55
 (Pixabay/Divulgação)

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Se em 2016 a Organização das Nações Unidas (ONU) já alertava para 75 casos do chamado "golpe do noivo", aplicados por pessoas que se passavam por funcionários da instituição, três anos depois os casos descobertos sofreram um aumento de 900%, passando para 750 registros apenas até setembro de 2019. O golpe era aplicado por criminosos que alegam estar em outros lugares do mundo para extorquir mulheres de todo o Brasil com quem se relacionavam pela internet.

Segundo a assessoria de imprensa do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio de Janeiro), este ano já foram recebidos 100 contatos por telefone e 650 por e-mail de mulheres requisitando informações sobre a identidade de supostos funcionários no exterior. 

"Nas mensagens trocadas em ambientes virtuais (Skype, Messenger, WhatsApp), um homem se identifica como funcionário da ONU ou de um Estado-membro atuando em uma força de paz da organização. Em todos os casos solicitando dados pessoais de mulheres ou, em alguns casos, um depósito para que o funcionário possa tirar férias – procedimento inexistente dentro das Nações Unidas", explica a organização. 

Ainda de acordo com a ONU, todos os funcionários são responsáveis pelos pedidos de suas férias, tratando-se de um procedimento interno e que não possui qualquer custo para os servidores. "As Nações Unidas também não cobram qualquer taxa durante seu processo de recrutamento, outro tipo comum de tentativa de fraude. A organização alerta também que, sob qualquer hipótese, não solicita informações de indivíduos em relação a suas contas bancárias ou outras informações particulares", completa a nota.

Golpe do amor 

As Nações Unidas não os únicos a serem utilizadas por este tipo de golpistas. O Itamaraty e o Ministério das Relações Exteriores também divulgam constantemente alertas sobre ações semelhantes. "São recebidas, com alguma frequência, queixas de nacionais brasileiros vítimas de roubos, fraudes e violência cometidos por cônjuges estrangeiros que conheceram pela internet e com os quais tiveram pouco ou nenhum convívio presencial", aponta. 

O órgão recomenda ainda um cuidado especial com relacionamentos virtuais com estrangeiros "a fim de protegerem-se contra golpes e situações de risco". "Sugere-se, entre outras precauções, buscar obter referências do cidadão por parte de terceiras pessoas de conhecimento comum, além de evitar manter o contato restrito aos meios de comunicação à distância", orienta. 

Em entrevista ao Hoje em Dia sobre o aumento de golpes na internet, o delegado Guilherme da Costa Oliveira Santos, chefe da Divisão Especializada em Investigação dos Crimes Cibernéticos e Defesa do Consumidor da PC, explicou que este tipo de golpe acontece muitas vezes sem citar qualquer órgão como a ONU. 

"A pessoa cria um perfil para se envolver emocionalmente com pessoas e, a partir daí, extorquir valores da vítima. Geralmente, o golpista fala que é estrangeiro, diz que mandou um presente que ficou preso na Receita e, com isso, pede que a vítima pague um valor. Também fala que quer vir para o Brasil e precisa do dinheiro da passagem", conta Santos. 

Como denunciar 

Questionada sobre como as vítimas deste tipo de crime devem proceder, a ONU informou que vem recomendando os destinatários de mensagens fraudulentas ou suspeitas "ajam com extrema cautela e não respondam a pedidos de transferência de fundos ou concedam informações particulares". 

"As vítimas devem ser orientadas a informar o incidente em qualquer Delegacia de Polícia ou nas Delegacias de Repressão aos Crimes de Informática. A ONU mantém de forma permanente um alerta no site e o divulga com frequência nas redes sociais", conclui. 

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