Entidades pedem que PF investigue morte de jornalistas

Leonencio Nossa e Bruno Ribeiro
12/02/2014 às 09:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:58

Entidades do setor de comunicação pediram nessa terça-feira (11), ao governo a entrada da Polícia Federal nas investigações de todos os assassinatos de jornalistas. Além disso, a maior parte dos profissionais feridos na cobertura dos protestos de rua desde junho foi atingida deliberadamente, por registrar fatos, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

A morte do cinegrafista da TV Bandeirantes foi a primeira envolvendo o ataque de um manifestante. No entanto, outros seis profissionais foram assassinados em 2013 - a mando de grupos políticos, de agiotagem e de narcotráfico.

Em encontro com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, representantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) criticaram os "abusos" da Polícia Militar durante as manifestações. De acordo com levantamento da Abraji, 75% dos 118 ataques que apurou desde junho, contra 108 profissionais de imprensa, partiram de PMs. Os números são diferentes porque há casos de profissionais agredidos mais de uma vez. ANJ e Abert têm outro levantamento - com 126 registros.

"Em 60% dos casos, as agressões foram deliberadas, depois de o profissional identificar-se como jornalista", diz o presidente da Abraji e colunista do jornal "O Estado de S.Paulo", José Roberto de Toledo. "Claramente, os locais com maior violência foram Rio de Janeiro e São Paulo, com destaque também para Brasília", explica. "Acho assombroso esse número de agressões deliberadas. Indica uma intenção de intimidar os jornalistas e, em última análise, de impedir o trabalho deles. Portanto, é um atentado contra a liberdade de expressão e de informação."

Luto

No encontro em Brasília, as entidades enfatizaram que o "despreparo" das polícias favoreceu o clima de violência. O presidente da ANJ, Carlos Fernando Lindenberg Neto, destacou que hoje o jornalista precisa trabalhar camuflado. Já o presidente da Abert, Daniel Slaviero, criticou a "demora" no enfrentamento do problema. "Sem isso, possivelmente não estaríamos vivendo o luto pela morte de um colega."

Cardozo deixou claro que o governo pretende repartir com os Estados a responsabilidade de planejar um pacote de medidas. E anunciou que um grupo de trabalho para discutir especificamente crimes contra jornalistas começará a se reunir na terça no Ministério da Justiça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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