Especialistas avaliam que fatos políticos podem travar a retomada da economia

Bruno Moreno e Tatiana Moraes
primeiroplano@hojeemdia.com.br
19/05/2017 às 22:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:38

Os acontecimentos políticos da semana passada refletiram diretamente nas perspectivas para a indústria neste ano. Se antes os caminhos traçados pelo governo federal eram coerentes com as expectativas dos empresários, agora, uma nuvem de incertezas paira sobre o ar. Nesse impasse, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) cogita rever para baixo as previsões do setor para 2017 em território mineiro e no Brasil, antes fixadas em 1,9% e 1,25%, respectivamente.

“Ainda é cedo para confirmar se esses números não serão realizados. São muitos fatores envolvidos, porque tem a indústria extrativa, que é voltada para o setor externo. Por outro lado, a indústria de transformação, como veículos, construção civil e também o comércio, tendem a ser mais afetados”, afirma a economista da entidade, Daniela Britto.

Os indicadores econômicos, segundo Daniela, apontavam melhora visível em níveis estadual e nacional. Como exemplo, ela cita o emprego. Após as delações do grupo JBS, que chegaram a derreter a bolsa de valores, porém, tudo pode mudar.

“No Brasil, em abril houve abertura líquida no setor de serviços de 25.210 vagas, de 14.383 na agricultura e 12.212 postos na indústria. Em Minas, o saldo foi positivo 14.818 postos de trabalho. Foi o segundo Estado de melhor resultado positivo, só perdendo para São Paulo”, afirma.

Futuro de Temer
Para o coordenador do curso de economia do Ibmec, Marcio Salvato, a luz que existia no fim do túnel, indicando esperança para 2017, está por um fio. Ele afirma que todos os cenários políticos projetados indicam “parada não programada” na economia. “Se o presidente Michel Temer sair do comando do país é ruim, mas se ele ficar também é. Não há cenário bom”, lamenta.

No primeiro caso, se Temer renunciar ou for “impichado”, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, convoca eleições indiretas. Conforme Salvato, a situação é arriscada, pois não se sabe quem assumiria a nação. “Não consigo pensar em nenhum nome que possa ser eleito e que consiga aprovar as reformas que são necessárias para a indústria deslanchar, como a trabalhista e a previdenciária”, afirma.

Caso o presidente fique, Salvato acredita que a base aliada vá “abandonar o barco”. Ou seja, o apoio que Temer tinha dos parlamentares para aprovar as reformas vai por água abaixo.


Soluções
Olavo Machado Júnior, presidente da Fiemg, ressalta que o conjunto de medidas apresentadas pelo governo federal poderia fazer com que a indústria retomasse a rota de crescimento. Agora, no entanto, é preciso ter calma e torcer para que a economia não piore ainda mais.

Além da aprovação das reformas, o presidente da Fiemg lista uma série de medidas necessárias para que o parque industrial mineiro e nacional volte a registrar melhoras significativas.

A primeira é a liberação de crédito com prazo e taxas atrativas para que as empresas possam melhorar o parque. Crédito para os consumidores também é fundamental, pois com dinheiro no bolso eles serão capazes de movimentar o comércio e, consequentemente, a indústria, gerando emprego e renda para as famílias. Nos dois casos, a redução dos juros é fundamental.

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