Esquema em liquidação: mineiro é preso por sonegação milionária; recursos fazem falta na pandemia

Evaldo Magalhães e Renata Evangelista
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/07/2020 às 19:21.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:58

O fundador da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, mineiro de Divinópolis, foi preso, ontem, suspeito de sonegação de impostos estaduais e de lavagem do dinheiro desviado do fisco. Além do empresário, detido em São Paulo e transferido à tarde para a BH, a filha dele também foi presa e o irmão, apontado como co-gestor no negócio, de acordo com a Polícia Civil (PC), era dado como foragido até o fechamento desta edição.

Chamou a atenção, além da notoriedade do suspeito – cuja empresa, que teve como garoto-propaganda o apresentador Luciano Huck, chegou a ser considerada a segunda maior rede do varejo no país –, o montante da sonegação informado pela força tarefa incumbida da operação que o prendeu, composta pela PC, pelo Ministério Público e por agentes da Receita Estadual.

Ao todo, foram R$ 387 milhões, referentes ao não pagamento do ICMS aos cofres mineiros por oito anos.
Em tempos de pandemia, vale destacar que tal valor poderia ser destinado, por exemplo, à construção de 73 hospitais de campanha no Estado, similares ao instalado pelo governo mineiro e pela iniciativa privada, desde abril, no Expominas, na capital. 

Embora ainda sem equipes de saúde suficientes para operar integralmente, a unidade, que custou R$ 5,3 milhões, tem 768 leitos para tratamento da Covid-19, sendo 740 de enfermaria e 28 de estabilização. O total de novas vagas para pacientes, com as 73 réplicas do hospital, passaria de 56 mil. 

Com a sonegação atribuída ao empresário, também seria possível custear, por quase seis meses (168 dias), nada menos do que mil vagas de UTI particular, supostamente “alugadas” para o SUS. A conta se baseia em informação da Prefeitura de BH, divulgada esta semana: a de que cada leito da iniciativa privada demandaria gasto diário de R$ 2,3 mil ao município.

Conforme as investigações, há quase uma década a Ricardo Eletro não repassava à Receita mineira o ICMS dos produtos vendidos. Em novembro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu tais casos de “apropriação indébita” como crime, a rede de lojas passou a ser investigada.

A empresa informou, por nota, que Ricardo e os familiares não fazem mais parte do quadro de acionistas desde 2019. Além disso, reconheceu parcialmente as dívidas e esclareceu que “antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais”. (*Com Cinthya Oliveira)

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