Está nas mãos dos jurados decidir se fazendeiros ordenaram Chacina de Unaí

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
22/10/2015 às 07:10.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:10
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Se não houver nenhuma manobra de última hora da defesa, começa nesta quinta (22) o julgamento dos acusados de mandantes da Chacina de Unaí. O crime, ocorrido há quase 12 anos, vitimou quatro servidores públicos do Ministério do Trabalho e virou um dos símbolos da impunidade no país.

Sete jurados populares vão decidir se os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica, conhecidos como os “Reis do Feijão”, e os empresários cerealistas Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro, acusados de intermediar os assassinatos, são culpados ou inocentes. Os quatro vão responder pelo crime de homicídio doloso qualificado mediante pagamento de recompensa.

Nesta quinta, está previsto o julgamento de Norberto Mânica, Hugo Pimenta e José Alberto. Esse planejamento, no entanto, pode ser alterado tendo em vista que a defesa de Hugo, que celebrou acordo de delação premiada, impetrou com uma petição com o objetivo de desmembrar o processo contra ele.

Conforme o Hoje em Dia adiantou nessa quarta, a intenção do advogado Lúcio Adolfo é garantir o amplo direito de defesa e evitar que Hugo seja julgado com os outros dois réus. O pedido será analisado antes da abertura do júri pelo juiz federal Murilo Fernandes de Almeida.

Já o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica sentará no banco dos réus na terça-feira (27). Como Antério possuía foro privilegiado por prerrogativa de função do cargo, o processo contra ele já havia sido desmembrado anteriormente.

Expectativa

A grande expectativa gira em torno do depoimento do delator Hugo Pimenta. Segundo a procuradora da República Mirian Moreira Lima, ele detém todas as informações da dinâmica do crime. Foi Hugo, segundo ela, quem repassou o dinheiro para os pistoleiros, já condenados em 2013.

O delator teria até uma gravação de áudio que comprovaria que Norberto ordenou os assassinatos. Para a defesa, no entanto, o tal áudio jamais existiu. Polêmica à parte sobre a gravação, a procuradora salienta que existem provas suficientes para condenar os réus.

Os advogados dos irmãos Mânica refutam a tese que os clientes deles foram os mandantes do crime, e que a motivação seriam as intensas fiscalizações nas fazendas de feijão pelos auditores mortos.

Debate

Outro momento esperado será o debate a ser travado entre acusação e defesa. De um lado, a representante do Ministério Público Federal, que será auxiliada pelo experiente criminalista Antônio Francisco Patente. Do outro, advogados renomados, como os defensores Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Marcelo Leonardo e Lúcio Adolfo. O júri começará às 8h30, sem hora para acabar.


 

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