Estado tenta agilizar verba federal em meio a preocupação por mais tempestades em Minas

Bernardo Almeida
bpereira@hojeemdia.com.br
04/02/2020 às 16:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:32
Praça Marília de Dirceu, no Lourdes, foi arrasada pelo temporal de 28 de janeiro de 2020: maior chuva da história de BH (Lucas Prates/Arquivo Hoje em Dia)

Praça Marília de Dirceu, no Lourdes, foi arrasada pelo temporal de 28 de janeiro de 2020: maior chuva da história de BH (Lucas Prates/Arquivo Hoje em Dia)

O governador Romeu Zema (Novo) disse nesta terça-feira (4), durante encontro com prefeitos, que está auxiliando as cidades que decretaram estado de calamidade pública e emergência para que tenham acesso o mais rápido possível a parte da verba de R$ 1 bilhão anunciada pelo governo federal aos estados atingidos pelas chuvas. A expectativa é de que a maior parcela desse valor seja destinada a Minas

Segundo o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda, o grande desafio é agilizar os trâmites legais para que esse dinheiro chegue às cidades atingidas. “Com certeza a maioria desse R$ 1 bilhão vem pra Minas, onde há mais municípios afetados, mas isso depende de vencer uma fase da burocracia, que muitas vezes o município não tem condição de fazer”.

O governo e a AMM vão auxiliar as cidades atingidas a se capacitarem para resolver a parte burocrática e terem acesso aos recursos, que serão divididos por três estados atingidos pelas fortes chuvas em janeiro (Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo).

Previsão de mais chuvas

As tempestades históricas que assolaram Minas na segunda quinzena de janeiro, resultando até então em 58 mortes e devastação por onde passaram, podem se repetir em fevereiro, de acordo com a meteorologia. A previsão foi reforçada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, ao ser perguntado sobre a possibilidade apontada pelo professor e meteorologista Ruibran dos Reis, na semana passada. 

“Há ainda uma expectativa de chuvas intensas, mas é importante lembrar que estamos vivendo também consequências muito nefastas das mudanças climáticas. Cada vez essas chuvas têm ficado mais intensas, severas e localizadas”. 

Germano lembra, porém, que, apesar de trabalhar com tal expectativa, a concretização dessas chuvas, bem como os locais onde ocorrerão, só é confirmada pouco antes das precipitações. “A constatação chega muito perto do evento, então, é importante estar muito ligado nesses canais de informação. Vamos acreditar nesses avisos e desocupar as áreas identificadas pela Defesa Civil como áreas de risco”, disse, ao chamar a atenção para o sistema de alerta da Defesa Civil, por meio do envio de um SMS com o número do CEP para o número 40199.

Ainda de acordo com o secretário, com a expectativa de mais chuvas, fica o alerta para moradores que ocupam áreas próximas à barragem de Várzea das Flores, em Contagem, por exemplo. “Todas as barragens de água são feitas para que em ocasiões de chuva possam passar a água para o vertedouro sem afetar sua estabilidade. Várzea das Flores chegou a 100% da sua capacidade, de acordo com a Copasa, por isso é importante o trabalho da concessionária e do município para as populações que vivem à jusante do reservatório". 

Algumas dessas pessoas ocupam áreas de preservação permanente, segundo o secretário. Tais locais, nas imediações de mananciais, servem justamente para que possam absorver a água excedente, de acordo com os regime de chuvas. 

Relembre

Na semana passada, o meteorologista Ruibran dos Reis afirmou que os sistemas meteorológicos já previam, há pelo menos seis meses, que a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) ocorreria em Minas em janeiro e, com mais intensidade, em fevereiro de 2020. Ele acredita, contudo, que as fortes chuvas não devem voltar a cair sobre as regiões Central e Zona da Mata, que sofreram com os temporais registrados no mês passado. 

“A princípio, vai ocorrer, mas não tem nada indicando que será na mesma região. A população fica com medo, mas a probabilidade de se formar no mesmo local é muito pequena. Normalmente, a ZCAS demora anos para se repetir no mesmo local", afirma Ruibran.

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