Estudo sugere castração para prolongar vida dos homens

AFP
24/09/2012 às 21:51.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:33

WASHINGTON - Cientistas afirmaram nesta segunda-feira (24) ter encontrado uma nova evidência que explicaria porque as mulheres vivem mais do que os homens, com base em um estudo feito com base em dados históricos que demonstram que indivíduos coreanos castrados viviam muito mais do que seus contemporâneos não castrados.

O estudo, publicado na revista "Current Biology", se baseou em registros genealógicos da aristocracia imperial durante a dinastia coreana Joseon, que durou mais de 500 anos, do final dos anos 1300 até o começo dos 1900.

Segundo os dados, a maioria dos homens, incluindo reis e membros da família real, morreu com 40 e muitos ou 50 e poucos anos.

Mas os eunucos da nobreza - homens que foram castrados por acidente ou por causa de benefícios sociais - viviam, em média, 70 anos.

O autor do estudo, Kyung-Jin Min, da Universidade Inha da Coreia do Sul, explicou à AFP que a razão para esta diferença seria a testosterona. "A testosterona é conhecida por aumentar a incidência de doença cardíaca coronariana e por reduzir a função imunológica nos homens", afirmou.

A castração "remove a fonte de hormônios sexuais masculinos", destacou o estudo, acrescentando que a prática já demonstrou ajudar indivíduos do sexo masculino a viver mais.

A castração também acaba com a possibilidade de reprodução, que Kyung-Jin também disse ser um fator de redução do tempo de vida.

Segundo "uma das principais teorias sobre envelhecimento, este ocorre às custas da reprodução", afirmou, porque o corpo tem uma energia limitada que pode ser usada tanto para manter a função reprodutiva quanto para manter todo o restante do organismo.

Mas embora os eunucos não pudessem ter filhos biologicamente, eles se casavam, adotavam e criavam filhos, e geralmente tinham vidas muito similares a seus pares não castrados. "A fim de eliminar fatores socioeconômicos que pudessem ter afetado a longevidade, a expectativa de vida dos eunucos foi comparada à dos homens de outras famílias Yan-ban (classe nobre) com status socioeconômico similar", disse Kyung-Jin.

E "para excluir fatores genéticos que pudessem ter afetado a logevidade, comparamos a expectativa de vida dos eunucos com a de múltiplas famílias Yan-ban", acrescentou.

Os homens modernos que querem prolongar a vida poderiam considerar "uma terapia de redução da testosterona", mas Kyung-Jin afirmou que isto provavelmente seria prematuro.

De um lado, não está claro se haveria algum efeito se a terapia fosse iniciada em idade mais avançada, uma vez que os eunucos eram todos castrados quando crianças.

De outro, o tratamento poderia ter efeitos colaterais, uma vez que alguns homens poderiam pensar que não valeria à pena viver mais considerando as limitações impostas pela terapia. "Nós precisamos considerar os efeitos colaterais disto", disse Kyung-Jin, "principalmente, da redução do desejo sexual nos homens".

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