Exército e rebeldes travam batalha pelo poder na Síria

AFP
08/08/2012 às 19:19.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:18
 (AFP)

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DAMASCO - O Exército sírio e os rebeldes travam uma batalha feroz pelo controle de Aleppo, segunda maior cidade do país e região crucial para o prosseguimento da rebelião que sacode a Síria há 16 meses.

Com o apoio de tanques e blindados, as forças leais ao presidente Bashar al-Assad lançaram antes dos nascer do sol uma grande ofensiva terrestre, conseguindo penetrar no principal bairro dissidente de Aleppo, Salaheddine.

Esta ofensiva acontece no dia seguinte à promessa de Assad de "purgar" o país de "terroristas", um termo utilizado pelo regime para designar os rebeldes.
Ainda na manhã desta quarta-feira (08), o Exército afirmou ter tomado o controle deste bairro emblemático, informação desmentida pelos insurgentes.
"Nossas forças armadas tomaram o controle total de Salaheddine, infligindo aos grupos terroristas enormes perdas", declarou uma fonte oficial citada pela agência Sana.
Segundo esta fonte, "dezenas de terroristas foram presos, outros se renderam depondo suas armas" e "grandes quantidades de armas utilizadas pelos terroristas para aterrorizar os habitantes e cometer assassinatos contra as forças de ordem foram apreendidas".

O coronel dissidente Abdel Jabar Oqeidi confirmou "um ataque bárbaro e selvagem ao bairro", acrescentando que "é preciso dizer que o Exército do regime tomou o controle total do bairro".

Os combates "se concentram, sobretudo, em Salaheddine, porque este bairro tem um grande valor simbólico para nós e para o regime", acrescentou o chefe do Conselho Militar para a região de Aleppo.

No início da tarde, os rebeldes sírios afirmaram ter retomado parte do terreno perdido horas antes, depois de terem recebido o reforço de 700 combatentes vindos de Sukkari (sul), Bustane al-Qasr (centro), Chaar e Hanano (leste).

Contra-ofensiva

"Nós lançamos uma contra-ofensiva e retomamos o controle de três das cinco ruas perdidas", afirmou Wassel Ayoub, comandante da brigada Nour al-Haq do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes).

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou que o Exército destruiu duas escolas que serviam de base para os rebeldes.
"São os combates mais ferozes" desde o início dos confrontos em Aleppo, em 20 de julho, segundo o OSDH.

O Exército enviou 20 mil soldados para esta batalha crucial para o regime, que enfrenta desde meados de março de 2011 uma revolta que se militarizou com o passar do tempo, radicalizada pela repressão brutal. Em quase 17 meses de conflito, 21 mil pessoas morreram, segundo o OSDH.

A Anistia Internacional denunciou a violência do bombardeio dos últimos dias, com base em imagens de satélite que mostram mais de 600 crateras formadas pelo impacto de morteiros em Aleppo e na cidade vizinha de Anadane.

Em outras partes do país, o Exército continua a bombardear a província de Homs (centro), a cidade de Deir Ezzor (leste), e aldeias curdas na província de Latakia (noroeste), de acordo com OSDH, que contabilizou pelo menos 82 pessoas mortas nesta quarta-feira (41 civis, 15 rebeldes e 26 soldados), incluindo 34 em Aleppo.
De acordo com essa ONG, com sede na Grã-Bretanha, que trabalha com uma rede de ativistas e testemunhas em toda a Síria, 225 pessoas foram mortas na terça-feira em todo o país.

Reunião em Teerã
 
"O povo sírio e seu governo estão determinados a purgar o país dos terroristas", prometeu na terça-feira (07) Bashar al-Assad ao receber um enviado de seu aliado Irã.

O enviado Said Jalili respondeu que "o Irã jamais permitirá a destruição do eixo da resistência, do qual a Síria é um pilar essencial".

O Irã organiza para quinta-feira (09) uma reunião com vários países para discutir "uma posição realista" sobre a crise, segundo Teerã.

O Líbano já afirmou que não participará do encontro, em respeito a sua "neutralidade" no conflito. Kofi Annan também não irá, depois de ter renunciado ao posto de mediador da ONU e da Liga Árabe.

Sobre os 48 iranianos sequestrados no sábado pelo Exército Sírio Livre na região de Damasco, Teerã tem procurado a "cooperação" do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para garantir sua libertação.

Enquanto os sequestradores acusam os iranianos de serem membros da Guarda Revolucionária, corpo de elite do regime islâmico, Teerã garante que eles são peregrinos, mas, no entanto, afirmou que vários deles eram "aposentados da Guarda Revolucionária e do Exército".

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