WASHINGTON - O general que deixou a chefia da CIA no último dia 9 alegando como razão a revelação de seu caso extraconjugal afirmou nesta sexta-feira (16) ao Congresso dos EUA que o assassinato de um diplomata americano na Líbia, em setembro, resultou de um ato terrorista.
David Petraeus negou que a renúncia ou o adultério tenham afetado seu testemunho. O depoimento ocorreu a portas fechadas e foi relatado à imprensa por legisladores de oposição presentes.
Nos dias seguintes ao ataque que matou o embaixador Chris Stevens e outros três diplomatas americanos em Benghazi, na Líbia, em 11 de setembro, o governo americano afirmou se tratar de uma ação isolada e espontânea, o que não denotaria falhas mais graves de segurança.
Nas semanas subsequentes, porém, o Departamento de Estado e a Casa Branca recuaram e admitiram que o ataque fora provavelmente premeditado, enfurecendo a oposição republicana.
Nesta sexta-feira, Petraeus afirmou que a avaliação da CIA (a principal agência de inteligência dos EUA) era que o consulado em Benghazi fora alvo de terroristas e não de manifestantes raivosos, afirmou o deputado Peter King. "Ele claramente crê agora que houve envolvimento terrorista", disse o republicano.
O senador Marco Rubio afirmou que o depoimento aumenta a preocupação com a possível negligência do Departamento de Estado -que chegou a recusar reforços- na segurança em Benghazi.
Para seu veterano colega John McCain, que elogiou a "franqueza" de Petraeus, tratou-se de falha de segurança.
O presidente Barack Obama, em entrevista coletiva na última quarta, afirmou que a investigação continuará e que capturar e levar à Justiça os responsáveis pelo ataque é prioridade para seu governo.
Caso
O general, um militar celebrado por seu comando no Iraque e no Afeganistão, surpreendeu ao revelar o caso e renunciar na sexta passada.
Embora o adultério do chefe da CIA não seja crime, abre brecha para chantagem e desconfiança pública sobre o vazamento de dados secretos.
Nesta sexta, o caso extraconjugal ficou praticamente fora dos 20 minutos de explanação de Petraeus e dos 70 de sabatina - sua primeira ida ao Congresso pós-renúncia.
Na última semana, deputados e senadores da oposição questionaram se a saída de Petraeus não estaria ligada ao acobertamento de falhas na Líbia e criticaram o FBI por levar três meses para comunicar o governo sobre o adultério.
O caso foi descoberto durante a investigação de e-mails anônimos enviados pela amante do general, a biógrafa e tenente-coronel Paula Broadwell, a uma suposta rival e pessoas ligadas a ela, inclusive outro general.
O FBI agora investiga se Petreus deu a Broadwell informações secretas relevantes, do que não há ainda indícios.