Ex-líder da Costa do Marfim diz em julgamento que não é culpado por atrocidades

Estadao Conteudo
28/01/2016 às 10:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:12

O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo afirmou que é inocente nas quatro acusações de crimes contra a humanidade que pesam contra ele, no início do primeiro julgamento do Tribunal Criminal Internacional de um ex-chefe de Estado.

Gbagbo é acusado junto com o ex-ministro da Juventude, Charles Ble Goude, de envolvimento em atrocidades que deixaram 3 mil mortos, após um disputado segundo turno eleitoral em 2010 no país do oeste africano. Ble Goude também disse ser inocente, no início do julgamento.

Apesar das acusações, Gbagbo é popular em parte da população da Costa do Marfim. Dezenas de pessoas se reuniram na entrada da corte antes do julgamento, que deve durar vários meses, para demonstrar seu apoio ao ex-líder. Um partidário disse que o político é vítima de um golpe da ex-metrópole França.

Ex-professor universitário que fundo um partido oposicionista bem antes de a Costa do Marfim adotar a democracia, Gbagbo passou boa parte dos anos 1980 no exílio na França. Após retornar, perdeu a disputa presidencial de 1990 e passou seis meses na prisão em 1992 por seu papel em manifestações de estudantes. Acabou por chegar ao poder em 2000, em uma votação contestada, que o próprio Gbagbo descreveu como "calamitosa", ainda que tenha mantido o poder e adiado outra eleição durante uma década. Na disputa de 2010, Gbagbo ficou à frente no primeiro turno, com 38% dos votos, mas perdeu para Alassane Ouattara no segundo turno.

Gbagbo e Ble Goude enfrentam cada um quatro acusações de crimes contra a humanidade, entre elas de homicídios e estupros supostamente cometidos pelas forças de Gbagbo no fim de 2010 e no início do ano seguinte, enquanto o político tentava continuar no poder. Promotores dizem que a dupla levou as forças de segurança, milícias de jovens e mercenários a atacar grupos vistos como partidários de Ouattara.

Ativistas elogiaram o fato de que o caso será julgado em uma corte internacional. Além disso, porém, ponderaram que é preciso julgar também os crimes cometidos por partidários de Ouattara.

Fonte: Associated Press.
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