Ex-presidente Michel Temer é preso na operação Lava Jato

Da Redação*
21/03/2019 às 11:24.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:54
 (NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO)

(NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO)

O ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), foi preso em São Paulo, na manhã desta quinta-feira (21), pela força-tarefa da operação "Lava Jato". O ex-governador do Rio e ex-ministro das Minas e Energia da gestão do emedebista, Moreira Franco, também foi preso, só que no Rio de Janeiro. Há, ainda, mandado de prisão expedido contra o ex-ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

A prisão de Temer tem como base a delação de Lúcio Funaro. No ano passado, Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) informações complementares do seu acordo de colaboração premiada. Entre os documentos apresentados estão planilhas que, segundo o delator, revelam o caminho de parte dos R$ 10 milhões repassados pela Odebrecht ao MDB na campanha de 2014.

Além disso, conforme as investigações, Temer recebeu propina superior a R$ 1 milhão no fim de 2014. A quantia teria sido paga pela empreiteira Engevix, por meio de uma empresa controlada pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo pessoal de Temer.

As ordens de prisão foram emitidas pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal. O ex-presidente será levado para a capital fluminense. Uma sala na superintendência da PF no Rio está sendo preparada para receber Temer.

Da mesma forma como ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, Temer deve ficar em um cômodo dentro da superintendência separado dos outros presos em um espaço chamado no jargão jurídico de sala de Estado Maior. Antonio Cruz/Agência Brasil/ArquivoMoreira Franco, Michel Temer e Eliseu Padilha são alvos da operação 

Defesa

Por meio de nota, o MDB criticou a prisão de Temer: "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa".

O advogado Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou que a prisão do ex-presidente "é uma barbaridade".

Oposição critica prisão

Opositores do ex-presidente identificaram indícios de abuso de autoridade na prisão e usaram a tribuna do Plenário da Câmara dos Deputados para criticar a prisão do emedebista. "Nós não podemos defender uma prisão. Respeitamos as garantias constitucionais de todos os brasileiros", afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Já o deputado federal João Daniel (PT-SE) defendeu a aprovação do projeto contra o abuso de autoridade, visto pela "Lava Jato" como uma tentativa de intimidar juízes e procuradores que investigam casos de corrupção envolvendo a classe política. "A Câmara tem o dever de aprovar o projeto que nenhuma autoridade esteja acima. Por isso, a Casa tem que aprovar o projeto contra o abuso de autoridade".

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) argumentou que Temer tem residência fixa, o que afastaria a necessidade de prisão. "Eu não vejo nenhuma razão objetiva para a prisão do presidente Temer. Eu posso falar isso porque sempre fui oposição ao presidente Temer. Ele não está fugindo, que eu saiba, ele tem endereço fixo. Eu acho que isso é um processo de abuso de autoridade que está acontecendo com alguma frequência", afirmou.

Segundo Tasso, o reflexo da prisão "é a desmoralização da política, cada vez maior, e desmoralização de uma classe que é fundamental para a democracia do país".

*Com Estadão Conteúdo

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