Fabricantes se encontram para tornar carro mais seguro

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
10/06/2016 às 19:27.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:50
 (Jaguar)

(Jaguar)

O leitor que acompanha o HD Auto conferiu na semana passada que ainda resistem no mercado modelos antigos, com linhas e conceitos defasados. No entanto, estes mesmos veteranos também pecam por estruturas antigas e arquiteturas que não oferecem o mesmo nível de segurança que os modelos mais modernos adotaram: processos de produção e materiais que tornam os automóveis mais seguros, leves e eficientes. E tornar os automóveis mais seguros é ideia do Simpósio CarBody 2016, com parceria com a Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), que aconteceu esta semana em São Paulo.

O encontro busca compartilhar experiências no desenvolvimento de estruturas e mais modernas, com uso de materiais mais leves e com maior capacidade de absorção de impacto. Numa explicação bastante simplista, poderíamos dizer que é a estrutura (como a da imagem que ilustra a página) é a armação onde os componentes do carro são afixados. 

Este ano, oito montadoras levaram estruturas para demonstrar a tecnologia utilizada em suas carrocerias e soluções para elevar segurança e reduzir o peso dos automóveis, que significa menor consumo e contribui para atingir metas de eficiência exigidas pelos governos.

De acordo com o diretor da JWP Engineering & Consulting, Jessé Peagle, a indústria automotiva brasileira tem evoluído muito nos últimos anos, mas ainda estamos atrás dos principais mercados. “Se olharmos o mercado como um todo, uma fatia produz da mesma maneira de como é feito lá fora. No entanto, a outra fatia é diferente em parâmetros de peso, segurança e materiais, além de carrocerias que estão bem aquém do que feito no exterior”, observa.

Segundo Peagle, atualmente as montadoras ainda trabalham com plataformas antigas em 40% de seus produtos. “A diminuição das antigas vai acontecer, mas não tão rápida quanto deveria”, pontua o executivo. 

Perguntado se a razão para aposentar esses 40% restantes seria falta de capacidade fabril, o executivo aponta que a letargia é de ordem econômica, uma vez que o setor registrou um crescimento qualitativo nos últimos cinco anos. 

“A cadeia automotiva amadureceu nos últimos cinco anos. A estrutura instalada no mercado brasileiro é capaz de atender o conceito de estrutura global, de maneira muito eficaz. O hiato ainda existe, mas está sendo diminuído com novos lançamentos e consequentemente com a saída de plataformas mais antigas. Mesmo assim, é preciso entender que todas as montadoras têm em seus portfólios carrocerias muito antigas e também modernas. E essa transição que esta acontecendo poderia ser mais rápida, mas o grande problema é a situação econômica do país que deixa o mercado receosos”, explica.

Por outro lado, Jessé prevê que até 2019 todas as antigas plataformas tenham sido desativadas. “Muitos fabricantes estão conservando os lançamentos devido a situação econômica. Não se pode exigir que elas invistam bilhões na modernização de sua linha de produtos, numa situação econômica em que não é possível projetar o retorno. É por isso que ainda temos carrocerias com 20 anos e o fabricante só se faz facelift, o que não agrega segurança e inovações”, analisa. 

Primeiro passo

Mesmo assim, Peagle acredita que a discussão sobre a melhoria dos automóveis já é um passo importante. “Poder discutir tecnologias e melhorias na produção de automóveis num momento tão delicado, em que os fabricantes estão trabalhando com a metade de capacidade instalada, é muito importante e mostra que há interesse das marcas em melhorar produtos, compartilhar conhecimento e até mesmo expandir essa troca de experiências a ponto de formar parcerias para mitigar custos e modernizar processos”, afirma.

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