Falta de peças quintuplica prazo para conserto de carro em BH

Raul Mariano - Hoje em Dia
21/10/2014 às 08:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:42
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Após um mês de uma colisão que danificou o seu veículo, o empresário Wolder Fonseca ainda deve esperar pelo menos mais 40 dias pela chegada das peças para conserto do carro. E, sem opção, roda com o carro “remendado”. Situação que tem se tornado frequente nos últimos meses, com a crescente falta de estoque de peças.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças, a demora está diretamente ligada à falta de organização das montadoras e à variedade cada vez maior de veículos nas ruas.

“Há uma preocupação muito grande com a venda do carro e pequena com o pós-venda. Assim, os fornecedores de peças destinam até 90% da produção para as montadoras e o resto é o que fica para o mercado”, comenta diretor executivo da associação, Roberto Monteiro. Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não se manifestou.

No dia a dia das oficinas mecânicas, o problema é recorrente para veículos de todas as marcas, com destaque para os automóveis importados, como os coreanos e os chineses.

O presidente da Associação das Oficinas Reparadoras de Automóveis de Minas Gerais (Assora), Eduardo Viegas, comenta que, com a espera pela chegada das peças, os carros ficam nas oficinas por um período de tempo até cinco vezes maior do que o necessário para o reparo, se as peças estivessem disponíveis.

“Com carros parados dentro das oficinas ao preço que é cobrado pelo metro quadrado hoje, essa demora pesa”, diz.

Direitos

O Código de Defesa do Consumidor obriga as fabricantes a manterem estoque de peças para todos os veículos que ainda estejam sendo fabricados. Para os que saíram de linha, o estoque deve existir durante o tempo em que o automóvel tiver vida útil.

“Caso o carro ainda esteja no período de garantia, as peças devem ser fornecidas no prazo máximo de 30 dias. Ultrapassado esse prazo, o consumidor tem até mesmo o direito de solicitar outro veículo”, orienta o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa.

Oficinas buscam especialização

Dados da Associação das Oficinas Reparadoras de Automóveis de Minas Gerais (Assora) apontam que o setor de manutenção de automóveis movimenta, mensalmente, cerca de R$ 150 milhões em Belo Horizonte e Região Metropolitana.

A grande diversidade de fabricantes de peças está levando as oficinas a se especializarem em determinadas marcas.

Distribuídas entre diversas especialidades como funilaria, lanternagem, escapamento e eletricidade, a região possui em torno de três mil oficinas mecânicas e emprega aproximadamente 21 mil trabalhadores.

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