Faltas no Congresso já consomem R$ 415 mil dos salários de deputados mineiros

Thiago Ricci - Hoje em Dia
07/09/2015 às 08:20.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:40

Os deputados federais mineiros já acumulam, em apenas sete meses de atividade legislativa, um desconto de R$ 415 mil por faltas não justificadas em sessões deliberativas na Câmara. O campeão nesse quesito, Gabriel Guimarães (PT), já soma praticamente um salário em descontos - R$ 31,5 mil, ante o salário de R$ 33,7 mil.
 
Todos os meses, R$ 21,1 mil são divididos pelo número de sessões deliberativas realizadas na Câmara. A cada ausência não justificada, o parlamentar tem descontado no salário o valor proporcional naquele mês. Por exemplo, em maio deste ano foram realizadas 26 sessões. A cada falta, R$ 811 foram descontados.
 
  Desconto dos deputados de MG por falta | Create infographics

 
Após Guimarães, Diego Andrade (PSD), R$ 26 mil, Bonifácio Andrada (PSDB), R$ 24 mil, Luis Tibé (PT do B) e Brunny (PTC), R$ 15 mil cada, são os que mais viram o salário reduzir, até agora, por faltas. A quantia, no entanto, pode diminuir, já que, em caso de licença médica, os parlamentares podem apresentar o atestado "a qualquer tempo", conforme prevê o regimento interno.
 
No outro extremo, Lincoln Portela (PR), Misael Varella (DEM), Odelmo Leão (PP) e Tenente Lúcio (PSB) não faltaram a uma sessão sequer sem justificativa. São os únicos que, até o momento, não tiveram desconto algum nos salários deste ano.
 
Ausências
 
Até o momento, os deputados já tiveram 82 dias de trabalho com alguma sessão deliberativa. Os mais faltosos da bancada mineira são Silas Brasileiro (PMDB) e Renzo Braz (PP), com 18 faltas, seguidos por Bonifácio de Andrada (PSDB), 17, Stefano Aguiar (PSB) e Brunny (PTC), ambos com 16. Isso quando considerado qualquer tipo de ausência - justificada ou não.
 
O regimento da Câmara aceita algumas explicações para que o salário do parlamentar não receba desconto. Elas são licença para tratamento de saúde, internação em instituição hospitalar, doença grave ou falecimento de pessoa da família até segundo grau e em missão autorizada pela própria Casa.
  Frequência bancada mineira | Create infographics

 
Quando consideradas apenas as ausências não justificadas, os líderes se tornam Diego Andrade (PSD), 13, Bonifácio de Andrada (PSDB), 11, e Gabriel Guimarães (PT), 9. Quanto ao número de sessões - já foram realizadas 143 até a primeira semana de setembro -, Silas Brasileiro (41), Andrada (39), Brunny (39) e Braz (39) encabeçam os mais faltosos.
 
"Brasília é muito longe das bases eleitorais. O deputado faltar ou não faltar tem pouca importância. O que interessa para o povo é o trabalho do deputado. Pode faltar muito, mas ser autor de muitos projetos, pareceres, contatos com órgãos públicos que favorecem ao povo. Isso que importa, o resto é para jardim de infância ou escola primária", afirma Andrada, um dos mais ausentes da bancada mineira.
 
"Presidência nacional do partido, que antes tinha prerrogativa para faltar a algumas sessões para cumprir agenda partidária, tem agenda muito cheia. Tem dia que até estou em Brasília, mas participo de alguma reunião e não consigo votar", explica Tibé, presidente nacional do PTdoB.
 
Quem estuda ciências políticas condena as faltas. "Quanto mais ausente estiver, mais longe o deputado estará do fim que foi eleito: produção de leis e fiscalização das atividades do Executivo. A atividade legislativa se dá muito pela deliberação interna do parlamento, desde o trabalho de construção de lei, usando a assessoria muito competente da Câmara, até a votação", acredita o cientista político Malco Camargo, professor da PUC-Minas.
 
Procurados, Guimarães, Brunny, Andrade, Aguiar e Braz não retornaram à demanda da reportagem até a publicação deste texto.

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