Faturamento em Minas tem o menor desempenho desde 2009

Raul Mariano - Hoje em Dia
04/02/2015 às 07:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:54

Quatro dos cinco principais segmentos da indústria mineira tiveram queda de faturamento real em 2014. O desempenho ficou abaixo da média nacional na comparação com 2013 e foi o pior desde 2009.
Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o setor de veículos automotores apresentou a maior perda de faturamento , de 18,50%.
Além da queda nas exportações para a Argentina, o desaquecimento do mercado interno contribuiu para o recuo.
Levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontou diminuição de 7,1% nas vendas e 15,3% na produção de veículos entre 2013 e 2014.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto Filho, a perspectiva é negativa.
“Achamos que o mercado deve cair ainda mais, mesmo que as previsões da indústria sejam de empate técnico em 2015. O cenário só piora com o aumento dos combustíveis e dos juros. Então, estamos nos preparando para um ano muito difícil”, afirma.
O setor extrativo mineral foi o segundo com maior recuo (-9,24%), resultado da adaptação à queda do preço internacional do minério de ferro. Para compensar a diminuição do valor de venda, a indústria mineral foi obrigada a aumentar a produção, o que acarretou no aumento das horas trabalhadas em 1,72%.
O segmento de metalurgia básica perdeu 6,08% no faturamento real, seguido pelo setor de alimentos, que registrou queda de 0,42% na mesma variável. Dentre os setores mais representativos, somente os derivados do petróleo e biocombustíveis registraram aumento (8,82%) no faturamento real.
Recuperação
Na avaliação do presidente do Conselho de Política Econômica Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves Fernandes, o perfil da indústria mineira foi o maior complicador para os resultados de 2014.
Ele afirma que, devido à inércia na mudança de um ano para o outro, os resultados de 2015 já estão definidos e não há grandes expectativas de melhora para a indústria mineira. A partir de agora, os esforços governamentais só deverão trazer resultados em 2016.
“Vai ser necessária a elaboração de uma política vigorosa de investimentos em infraestrutura. No atual contexto, essa é a única alternativa para atrair novos investidores com mais capital estrangeiro para o país. Precisamos melhorar estradas, portos e aeroportos e temos condições para isso”.
Ontem, mais um indicador confirmou a desaceleração da atividade industrial no mundo. Entre dezembro e janeiro, o PMI-Global, calculado pelo Bradesco, desacelerou de 51,9 pontos para 51,5 pontos.
Destaque positivo
Na contramão dos principais setores da indústria, os segmentos farmacêutico (14,08%) e de produtos químicos ligados aos fertilizantes e adubos (24,48%) registraram os aumentos mais expressivos no faturamento real, no comparativo com o ano de 2013.
Apesar de ambos não terem participação de peso no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria mineira, são setores de grande importância estratégica para o Estado. “Produtos farmacêuticos são de alta complexidade, base tecnológica e investimento em inovação. Adubos e fertilizantes são essenciais para a produção de alimentos no nosso polo produtor de grãos no Centro-Oeste do Estado. Ambos são essenciais para a cadeia de valores e negócios que vão formar a indústria do futuro em Minas Gerais”, destaca Fernandes.

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