Febre dos usados: falta de peças e inflação de novos aquecem mercado de segunda mão

Marcelo Jabulas
@mjabulas
24/06/2021 às 22:45.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:15
 (Carbig/Divulgação)

(Carbig/Divulgação)

A falta de componentes eletrônicos e a alta dos preços do automóvel novo têm impulsionado o mercado de usados. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a elevação em maio foi de 18,9% em relação a abril. No acumulado de 2021, as vendas de usados cresceram 59,2%.

O percentual corresponde a 4,45 milhões de unidades negociadas entre janeiro e maio. No mesmo período do ano passado, o volume acumulado foi de 2,8 milhões de usados transferidos. No entanto, é preciso considerar que no primeiro semestre de 2020, o mercado foi impactado pelas medidas de combate à pandemia do Covid-19, o que comprometeu o setor.

No varejo, um dos argumentos do aumento da procura por usados e seminovos se dá também pela fuga do transporte público, devido à pandemia. “No momento em que as pessoas buscam ter a segurança de um carro por conta da pandemia, o carro seminovo surge como a opção ideal de compra. O carro seminovo tem um melhor custo benefício e, muitos consumidores que estavam procurando um zero optaram pela compra de um usado. Existem aqueles também que são consumidores fiéis do seminovo e que preferem as vantagens de comprar um usado ao invés de um zero”, comenta o diretor da rede Carbig.com, Felipe Pessoa.

Novos vs usados

Historicamente, o volume de vendas de carros usados sempre foi maior que o de automóveis novos. E a razão é simples, a variação do preço médio do carro usado é muito maior que o do zero quilômetro.

Um carro usado pode custar facilmente menos de R$ 10 mil, enquanto um carro novo não sai por menos de R$ 45 mil, onde iniciam Fiat Mobi e Renault Kwid, modelos mais baratos do mercado.

De janeiro a maio, segundo a Fenabrave, foram licenciados 837.125 carros de passeio e comerciais leves. Um volume 30,7% maior que o registrado no mesmo período de 2020. Ainda sim, o percentual de crescimento do carro novo foi menor que o de usados. E a razão é o encarecimento do carro novo. 

Para se ter uma ideia, segundo a multinacional especializada em avaliação de veículos, Kelley Blue Book (KBB), o carro novo encareceu cerca de 17% entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021. Alguns modelos como o Chevrolet Onix Plus Premier II, teve reajuste de 20%. 

Em março de 2020, a versão topo de linha do sedã tinha preço inicial de R$ 76.050. Hoje a mesma versão parte de R$ 95.590. Reajustes que foram acompanhados pela grande maioria dos automóveis. Tudo isso, tornou o usado mais atrativo, ainda mais que o consumidor viu sua renda encolher e o acesso ao crédito dificultado.

Efeito cascata

Mas, para quem acha que o segmento de usados e seminovos não surfou na onda da valorização, está muito enganado. Para se ter uma ideia, em junho de 2020, um Chevrolet Onix Joy 1.0, ano 2017, era avaliado em R$ 33.885, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). 

Este mês, o mesmo Onix Joy, ano 2017, teve sua avaliação ajustada para R$ 39.500. Ou seja, uma valorização de quase 20% em um ano. Ou seja, o usado também encareceu no mesmo ritmo que o carro novo. 

O grande senão é que o mesmo Onix Joy, novo, não sai por menos de R$ 60.360. Assim fica fácil entender porque o usado se tornou a saída menos onerosa para quem busca se livrar do transporte público.

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