Feira de trocas promove economia solidária no Distrito Federal

Agência Brasil
24/11/2012 às 14:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:34
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

(Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Brasília –  Há seis anos funciona no Distrito Federal uma feira de trocas, a Escambau, onde é expressamente proibida a circulação de dinheiro e a compra e venda de produtos. Os participantes levam coisas que não precisam mais e buscam algo que os interesse. Se conseguirem fechar negócio com o dono do objeto de desejo, a troca acontece. O projeto é uma iniciativa da cooperativa socioambiental Trilha Mundos e tem o objetivo de promover os princípios da economia sustentável e solidária.


“É uma forma de inclusão social. Em uma feira onde não existe dinheiro, você pega algo que não usa mais e troca por outras coisas”, explica Cláudia Sachetto, organizadora da Escambau e diretora-presidente da Trilha Mundos. Ela destaca que a iniciativa tem ainda importância ambiental, pois o que não serve mais para um é reaproveitado por outro em vez de ser descartado.


Cláudia explica que 2012 é um ano especial, pois pela primeira vez o evento saiu do Plano Piloto, zona central de Brasília, e ganhou outras cidades do DF. "Conseguimos um patrocínio e este ano fizemos a Escambau em Taguatinga, Ceilândia e Guará", informou, referindo-se às regiões administrativas que circundam a capital federal. Hoje (24) a última edição da feira no ano acontece em Brazlândia, a 50 quilômetros do centro de Brasília.


A ideia da feira atrai muita gente, como o professor de literatura Paulo Cézar Alves Custódio, 60 anos, frequentador assíduo e admirador do projeto. "Já até perdi a conta de quantas vezes fui nessa feira. Frequento há mais de quatro anos. Prefiro quando é na zona central de Brasília, pois fica mais perto da minha casa", relata o morador da Asa Norte.


Para Custódio, mais importante do que os objetos a serem trocados é a oportunidade de conhecer pessoas. "O lance mesmo da feira é que você faz amizade, é terapêutico. O que eu gosto nem é o objeto em si, mas a relação que acontece ali, estabelecer esse laço de permuta.”.


Ele destaca ainda o valor afetivo dos objetos, que é reforçado pela proibição da venda. "As coisas não têm preço, as coisas têm valor", opina. O professor de literatura conta que já garimpou muita coisa interessante em suas idas à Escambau. "Eu consegui  um prato de metal para colocar na parede, todo amarelo e com uma mandala no meio. Nunca me desfaço dele. Trouxe também para casa um livro sobre arte", diz. Entre os objetos que levou para trocar, estão livros, DVDs e uma coleção de gibis. "O pessoal se amarrou nessa coleção", comenta.


Cláudia Sachetto explica que quem quiser levar seus objetos para trocar na feira não precisa fazer inscrição. Quem deseja participar deve ficar atento às datas e aos locais de realização, divulgados no site da cooperativa Trilha Mundos. Basta reunir os objetos e comparecer ao lugar onde estiver acontecendo a Escambau. "Se a pessoa tiver mais de 20 objetos, a gente disponibiliza uma mesinha", informa Cláudia.


Para a ambientalista Sílvia Alcântara Picchioni, secretária executiva do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Fboms), iniciativas como a Escambau são importantes por destacar o papel de reutilização das coisas. "Você tem algo que não serve e para outras pessoas pode ser super útil. O produto não vai para o lixo fazer volume. O aspecto da solidariedade também tem que ser destacado. Não tem aquela coisa do lucro, há a sensibilidade de não precisar de alguma coisa e passar adiante. Aquilo vai estar sendo reutilizado e reduz-se o consumo", analisa.


 

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