Gasolina sem abusos - a quem o governo deve atender?

Do Hoje em Dia
22/06/2012 às 08:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:00

O governo precisa decidir: ou atende os interesses da população brasileira e mantém os atuais preços dos combustíveis ou cede à pressão dos investidores privados da Petrobras que querem ganhar ainda mais com as ações da estatal negociadas hoje nas bolsas de valores.

Na última quarta-feira (20), o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, aproveitou sua presença na Rio+20 para impulsionar a cotação das ações na bolsa, ao acenar, em entrevista, com a possibilidade de um reajuste de preços. As ações da Petrobras com direito a voto subiram durante o pregão até 6,5%, fechando com alta de 4,82%. Os especuladores parecem bem informados.

A cotação dessas ações já vinha subindo desde o início da semana em percentuais significativos, revertendo neste mês a queda que se verificava consistentemente desde outubro passado, até mais acentuada que a retração do Ibovespa.

Admite-se que a atual arrancada não se deva a informações privilegiadas, pois sabem os analistas que o valor das ações da principal estatal brasileira está bem atrativo. Depois da valorização de 66% em 2009, a cotação das ações preferenciais caiu quase 23% no ano seguinte e perdeu mais 18% no ano passado.

O governo deve continuar administrando, sem ceder a pressões de gananciosos, os preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras. O consumidor brasileiro vem pagando preços elevados em comparação com os de outros países. Esse fato resulta não apenas do poder monopolista exercido pela estatal na área de produção e pelo quase monopólio na distribuição. Qualquer consumidor que sair por aí procurando preços mais baixos na bomba de gasolina sabe que há no setor varejista também um sistema monopolizado ilegal, que mantém os preços praticamente iguais em todos os postos de um mesmo bairro, uma mesma cidade, uma mesma região do país.

Tudo se passa sob os olhares complacentes do governo e dos agentes públicos que deveriam defender a concorrência e os interesses da população.

Por sinal, o governo é o que mais lucra com a atual situação, como se comprova com o que ele arrecada em cada litro de gasolina pago pelo consumidor. Antes de sacrificar ainda mais o brasileiro, deve reduzir o valor da Cide e dos impostos.

E o ministro Edison Lobão deve explicar sua posição. Há algumas semanas, ele disse que o governo só repassaria ao consumidor a alta do preço do petróleo quando o barril custasse 130 dólares. Pois, em vez de subir, caiu para 96 dólares!

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