
Após o sucesso do PIX, serviço digital e instantâneo de transferências bancárias iniciado em novembro, o consumidor brasileiro ganhou, nesta semana, mais uma ferramenta que promete aumentar a praticidade, a agilidade e a segurança nas operações financeiras – dos pagamentos por produtos e serviços ao simples envio de dinheiro para amigos e parentes.
O Banco Central anunciou terça-feira (30), depois de um suspense de quase um ano (medida foi barrada, em junho, para averiguação de possíveis impactos no mercado), a autorização para que o aplicativo WhatsApp, pertencente ao gigante das redes sociais Facebook, iniciasse o serviço “Whatsapp Pay”.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos disse ter encarado a autorização com naturalidade: “Está em linha com nossa visão de que competição é a melhor ferramenta para estimular inovação”
Na prática, a empresa Facebook Pagamentos do Brasil foi aprovada como um “iniciador de transações”. As operadoras Visa e Mastercard, por sua vez, receberam autorizações de dois arranjos de pagamentos na modalidade: transferência/depósito e operações pré-pagas, em que o cliente abastece uma carteira virtual com dinheiro para gastar mais tarde.
Novidade, que permite fazer pagamentos a familiares, amigos ou empresas por chat, sem acessar o app de bancos, não deverá ter taxas, segundo garantiram, também em nota, o Whatsapp e o Facebook
Por enquanto, apenas quatro instituições poderão oferecer o serviço aos clientes: Banco do Brasil (Visa); Nubank (Mastercard); Sicredi (Mastercard e Visa); Woop, a conta digital da Sicredi (Visa). A tendência, contudo, é de que, tão logo o WhastApp ofereça efetivamente o serviço aos usuários, no app (*o que deve ocorrer em questão de dias), mais bancos integrem tal carteira.
Para o bem
De acordo com o professor de economia e consultor financeiro Paulo Vieira, a novidade se assemelha a outras que, ao longo dos últimos 40 anos, têm gerado profundas alterações no sistema financeiro do país.
“Quando me tornei bancário, em 1974, nem computador tinha. Vivi todo o período de automação das instituições, algo que reduziu drasticamente o número de trabalhadores”, diz ele, lembrando que o contingente de funcionários de bancos, que chegou a 1 milhão no país, é hoje de menos de 400 mil.
“Agora, acompanho toda esse processo de vinculação das tecnologias mais recentes e das redes sociais. E entendo tratar-se de algo inevitável, irreversível e altamente positivo, que vai incluir mais gente no sistema financeiro (a pandemia fez isso com cerca de 10 milhões de brasileiros, mas ainda existem em torno de 30 milhões desbancarizados) e ampliar de maneira salutar a concorrência nesse mercado”, acrescenta.
Outro avanço, segundo Vieira, é a redução cada vez maior do uso do dinheiro vivo – algo que tem ocorrido em várias nações. Ele conta que a Suécia, por exemplo, planeja extinguir o uso de papel moeda em 2025.
“Claro que em países como o Brasil, onde ainda há muita gente sem acesso a bancos e a tais tecnologias, o processo pode demorar mais, mas os pagamentos eletrônicos devem predominar”, afirma.