Ford GT40 quebrou a hegemonia da Ferrari em 1966

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
17/06/2016 às 20:42.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:56
 (LAT PHOTOGRAPHIC/AFP)

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Diz o senso comum que o automóvel é movido pela paixão. Uma grande balela publicitária! Mas não se pode negar que no rumo da indústria automotiva passionalidades alteraram a lógica do comportamento racional de se fazer carros. E nesses casos de histeria a Ferrari (sempre a Ferrari) está envolvida no episódio que motivou a Ford a conquistar um de seus maiores feitos, na década de 1960: desbancar os carros vermelhos nas 24 Horas de Le Mans, território dominado pelos cavallinos rampantes do comendador Enzo.

A data foi 1964 e o carro foi o lendário GT40, que era diferente de tudo que a marca já tinha feito até então. Tratava-se de um carro com carroceria aerodinâmica e com motor central, este montado após o cockpit. Numa época em que o Mustang era a definição de design da marca, o GT40 parecia qualquer coisa, menos um Ford.

E havia uma razão para tal. No início dos anos 1960, o então presidente da marca, Henry Ford II, queria se estabelecer no mercado europeu. Naquela época, a maneira mais fácil era incorporação de uma marca local (como tinha feito a General Motors em 1925com a britânica Vauxhall e em 1929 com a alemã Opel). 

Mas Ford II queria mesmo era comprar a Ferrari e andava fulo da vida por ter visto seus Cobras serem derrotados pelas machinnas nas 12 Horas de Sebring, em 1962. No entanto, o comendador teria se negado a entregar a Ferrari para o norte-americano, que por sua vez decidiu construir um carro de corridas para correr na Europa.

A primeira geração do GT 40 não teve sucesso. Falhas aerodinâmicas e de transmissão contribuíram para o mau desempenho nas pistas. Em 1965, a Ford convocou Carrol Shelby para salvar o carro e foi apresentado o Mark I, que utilizava o mesmo V8 4.7 do Shelby Cobra que encaixou com uma luva na nova transmissão fornecida pela ZF. 

No mesmo ano foi apresentado o Mark II, que apostava no gigantesco V8 427 (7.0 litros) de 485 cv e 65 mkgf de torque, que faziam com que o GT40 atingisse a máxima de 329 km/h. Apesar das mudanças e do sucesso em outras provas de longa duração, o carro não teve êxito em Le Mans naquele ano.

O GT40 Mark II voltou para a prancheta e recebeu novas alteração de aerodinâmicas, coletores e difusores de ar para correr em 1966.

A Ford levou oito carros para a pista e dominou a prova, tendo o carro nº2 pilotado pelo britânico Bruce McLaren e o neo-zelandês Chris Amon chegando à frente. 

Outros dois Mark II completaram o pódio, sendo seguidos por outros quatro Porsches Porsche 906/6L Carrera 6, que empurraram a Ferrari 275 GTB/C para oitava colocação. O Ford GT40 ainda venceu as três edições seguintes, gravando seu nome na história.

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