Lendas do Automobilismo: Williams-Renault FW14B

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
19/08/2016 às 20:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:27
 (Divulgação)

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No início dos anos 1990, Frank Williams vivia um pesadelo. Sua conterrânea McLaren tinha conquistado as temporadaras de 1988, 1989 e 1990. É bem verdade que a escuderia dirigida por Ron Dennis tinha um excelente carro e dois pilotos geniais, Ayrton Senna e Alain Prost. E mesmo com a dupla trocando sopapos as McLaren voavam na pista. 

O manda-chuva inglês precisava colocar nas pistas o projeto do FW14, que estava em desenvolvimento desde 1989, e ter condições de colocar fim num jejum que vinha desde 1987.

O projeto era chefiado pelo diretor Patrick Head e pelo designer Adrian Newey, que fez z um trabalho impressionante e desenhou um carro extremamente aerodinâmico, seguindo as especificações da categoria. 

A estreia em 1991 foi marcada por falhas e problemas que não deram condições de Nigel Mansell e nem Riccardo Patrese para brigar pelo título, que foi conquistado por Senna e seu McLaren MP4/6, mesmo assim a equipe ainda fechou o ano com sete vitórias nas 16 etapas daquele ano, sendo quatro de Mansell e três de Patrese. Senna venceu outros sete GPs, enquanto Nelson Piquet e Gerhard Berger conquistaram uma cada. 

Suspensão ativa
Mas o carro precisava de algo mais e a equipe correu para aprimorar o carro e apresentar o FW14B. O motor V10 3.5 Renault já tinha demonstrado toda a capacidade, mas não era só com cilindros que se vencia na F1. O carro ainda contava com controle de tração, transmissão semi-automática, assim como a Ferrari (reza a lenda que o Leão usava luvas de cores diferentes para saber qual era a borboleta de redução e qual avançava marcha), e até chegou a participar de algumas provas com frios ABS. 

No entanto, a cereja do bolo era o sistema de suspensão ativa, que teria sido utilizada pela Lotus na década de 1980, foi em 1992 que os engenheiros conseguiram uma acerto preciso da tecnologia.

Tratava-se de um conjunto de suspensão que contava com um módulo eletrônico capaz de perceber as irregularidades da pista e ajustar o comportamento das molas e atuação dos amortecedores. Ao contrário dos conjuntos de suspensão convencionais, em que o sistema se comporta de forma passiva quanto às irregularidades do solo, a tecnologia do FW14B mantinha a altura do solo inalterada tanto na entrada, quanto na saída de curvas, o que lhe dava uma estabilidade absurda. 

Tudo isso permitiu que Nigel Mansell devorasse a temporada de 1992. O Leão venceu nove das 16 etapas daquele ano, somando 108 pontos, mesmo tendo abandonado em quatro provas. E ainda assim ficou 52 pontos à frente de Patrese. 

O Williams de Mansel andava tão bem que o inglês foi pole position em 14 GPs e fez a volta mais rápida em metade das corridas. 

No ano seguinte, o FW15C sucedeu o FW14B, assim como Alain Prost e Damon Hill ocuparam os postos do Leão e do italiano e deram o sexto título de construtores à Williams. 

No final da temporada de 1993 a suspensão ativa foi proibida. Se não tivesse sido abolida, talvez o GP de Imola de 1994 não tivesse tido o mesmo desfecho. Talvez.

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