Hemocentro de SP pode testar zika em transfusão

Estadão Conteúdo
06/02/2016 às 09:45.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:19

Uma técnica para testar a existência do vírus zika antes de transfusões de sangue deve ser adotada em breve pelo Hemocentro de São Paulo. O objetivo inicial é checar o sangue destinado a mulheres grávidas e também para cirurgias intrauterinas em fetos.

O método foi desenvolvido pela equipe de José Eduardo Levi, chefe do Departamento de Biologia Molecular da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo, ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Secretaria de Estado da Saúde, e será submetido logo após o Carnaval à aprovação do Comitê de Ética. Só com esse aval, o teste entra em operação.

De acordo com Levi, o exame é semelhante ao que vem sendo usado para fazer o diagnóstico da doença - a partir da tecnologia de PCR, que identifica fragmentos do DNA do vírus. Ele já vinha trabalhando para desenvolver a técnica para as bolsas de sangue desde a chegada do zika ao Brasil, e ganhou um impulso depois que foi identificado, em Campinas, um caso de contaminação por transfusão.

Num primeiro momento, por ainda não haver tecnologia e recursos para testar em todas as bolsas de sangue, o foco serão as gestantes e os fetos, grupos mais suscetíveis por causa da suspeita de que o zika possa levar à microcefalia. Das cerca de 12 mil bolsas do Hemocentro, cerca de 20 devem ser testadas - 0,17%. A medida, no entanto, é preventiva, já que não existe comprovação de que o vírus contraído via transfusão traga de fato o risco ao feto.

Com a dengue, por exemplo, vírus semelhante ao zika, sempre se soube que ele pode ser transmitido em transfusão, mas não existe relato de receptores que ficaram doentes. Por isso, nunca houve a necessidade de testar o sangue. "Mas não podemos fazer a mesma analogia com o zika, porque também nunca ninguém tinha visto microcefalia em caso de dengue. São parecidos, mas têm comportamento diferente."

O pesquisador aponta que a suspeita de relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré também preocupa e que se houver algum indicativo de que ela é transmitida em transfusão, o teste talvez tenha de ser ampliado. Outra vantagem de testar se os doadores estão infectados é o aumento do diagnóstico no Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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