Devido à Covid-19, percentual por falta de pagamento teve alta de 25% neste mês

Da Redação
primeiroplano@hojeemdia.com.br
28/03/2020 às 12:39.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:07
 (FLÁVIO TAVARES)

(FLÁVIO TAVARES)

]O isolamento social devido à pandemia de Covid-19 já começa a refletir no varejo nacional. Pesquisa divulgada pela empresa Meu Crediário, especializada na análise de crédito e cobrança, que atende a diversos segmentos varejistas, aponta um alta de 25% no percentual de inadimplência em março (62%), até o dia 23, em relação a igual período do ano passado (49%). O levantamento ouviu mil lojas espalhadas por todo o Brasil, inclusive em Minas Gerais.

A pesquisa revela também que houve uma retração de 58% no número de consultas de CPFs na semana entre 16 e 21 de março em relação à anterior (9 a 14 deste mês). Segundo o cofundador da Meu Crediário, Jeison Schneider, esse recuo é um forte indicador de desaceleração das lojas físicas do varejo nacional. “Mesmo nos estados que ainda mantêm as lojas abertas, já se vê que os consumidores estão evitando aglomerações e alguns cortam a intenção de compra até mesmo pelo receio de não conseguir honrar os compromissos financeiros no futuro”, avalia.

Schneider afirma que a tendência é de que a inadimplência cresça ainda mais, haja visto que inúmeras lojas estão proibidas de abrir as portas pelas autoridades públicas em diversos estados do país. “Infelizmente, a situação tende a ficar bem complicada nos próximos meses. Os lojistas com o caixa mais elevado conseguem até superar as perdas por dois ou três meses, mas para quem já está com dificuldade, a dica é renegociar pagamentos com fornecedores e buscar empréstimos com taxas adequadas”, afirma.

O cofundador da Meu Crediário conta que algumas lojas, para tentar receber o pagamento de parte da carteira, já começaram até a enviar SMS aos clientes, informando que a parcela pode ser liquidada por meio de boleto bancário, após a emissão no site. “Sem dúvida, essa estratégia pode ajudar algumas redes varejistas”, revela. Já as marcas que não conseguirem executar esse plano, o empreendedor sugere que abram mão do valor de juros de multa e mora para clientes em atraso quando a rotina dos brasileiros voltar a normalidade, uma vez que a fidelização é mais importante no contexto atual. 

Prejuízo
Na semana passada, levantamento feito também pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) com 413 empresários, mostrou que 99% dos entrevistados serão impactados. De acordo com 63,4%, o prejuízo nas vendas para os próximos meses será muito alto e para 16,9%, o impacto será alto. 
Os que consideram que o prejuízo nas vendas será baixo totaliza 8% dos comerciantes. Em seguida aparecem: prejuízo moderado (6,5%); baixo (4,4%); não sabe avaliar (0,5%) e 0,2% acredita que não terá prejuízo. “O percentual médio de prejuízo nas vendas pode chegar a 65% segundo o levantamento”, disse o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva. 

 Atraso de dívidas atingiu em fevereiro 4 em cada 10 pessoas

No mês de fevereiro, 4 em cada 10 brasileiros (38,8%) estavam negativados, segundo dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC/Brasil), o equivalente a 60,8 milhões de pessoas. O volume de consumidores com conta em atraso cresceu 1,23% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo Roque Pellizaro Junior, presidente da SPC Brasil, o que se espera para os próximos meses é uma incerteza muito grande: “A pandemia do novo coronavírus e as medidas de contenção do contágio via isolamento social terão forte impacto na demanda interna. Ainda não é clara a extensão deste impacto sobre a economia brasileira, mas, sem dúvida, ele vem na direção negativa. É provável que a recuperação econômica seja interrompida e que vejamos aumento de desemprego, queda na renda e consequente piora nos números de inadimplência”.

Também quase quatro em cada dez (36,63%) consumidores tinham, em fevereiro de 2020, dívidas com valor de até R$ 500, percentual que chega a 52,68% quando se fala em pendências de até R$ 1 mil . Somando todas as dívidas, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.257,80 em fevereiro.

Em termos reais, o valor total das dívidas em atraso se mantém estável desde 2017. Em valores de 2020, o maior patamar do valor total das dívidas foi alcançado em novembro de 2011 (R$ 4.669,36), quando cada negativado devia cerca de 40% a mais do que em fevereiro de 2020.

A maior parte das dívidas concentra-se no setor de Bancos (52,69%), seguido por Comércio (17,49%) e Comunicações (11,94%). Embora represente apenas 10% do total das pendências, o setor de água e luz apresentou a maior evolução no número de dívidas, que cresceu 7,92% em relação ao ano anterior. 

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