Indústria de máquinas corta 20 mil empregos em 2016

Bruno Porto - Hoje em Dia
28/01/2016 às 06:47.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:12

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos demitiu 45 mil trabalhadores em 2015, sendo 6 mil deles em Minas Gerais, e prevê mais 20 mil demissões, este ano, no país. A tendência de que os cortes continuem é resultado do descompasso entre preços e custos, diante do descolamento entre capacidade de oferta e a demanda atual.

O cenário pesa em desfavor da indústria de bens de capital há alguns anos. Pelo terceiro ano consecutivo, houve queda no faturamento do setor, que amargou um pico de ociosidade de 34,2% no parque industrial em dezembro, o maior já registrado.

"O emprego ainda encontra alguma resiliência, mas o ajuste vai continuar para adequar a estrutura de pessoal ao faturamento, em queda acentuada”, avalia o o diretor de competitividade da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, que nessa quarta (27) apresentou os resultados do setor em 2015.

Com um faturamento de R$ 84,8 bilhões no ano passado, os fabricantes de máquinas e equipamentos contabilizaram retração de 14,4% sobre 2014, enquanto o emprego encolheu 8,1%. O consumo aparente apresentou recuo de 11,7% no ano mesmo com a depreciação cambial, que valorizou em 42% os bens importados. Ao se desconsiderar o efeito do câmbio, a queda apurada no consumo foi de 24,1% em 2015 frente a 2014.

O diretor regional da Abimaq em Minas Gerais, Marcelo Veneroso, observa que a situação no Estado é mais grave do que a média nacional, e que o faturamento do setor caiu pela metade. “Em Minas, só temos os dados até novembro, que indicam queda de 47% no faturamento. O perfil da indústria de máquinas aqui é todo voltado para setores onde não há investimentos, como mineração, siderurgia, óleo e gás e agricultura. Sem investimento, ninguém compra máquina”, afirmou.

No caso da mineração, Veneroso acrescenta os impactos do desastre ocorrido em Mariana, com o rompimento de uma barragem de rejeitos da Samarco, o que paralisou todas as operações da unidade mineira da companhia. “Era a única mineradora que estava comprando e tinha planos de novas encomendas”, disse.

Está na exportação a única perspectiva positiva dos fabricantes de máquinas e equipamentos. Apesar de os embarques terem encerrado o ano passado em queda de 16,2%, a expectativa é de aumento das vendas externas entre 15% e 20%.  Desde outubro de 2015, o comportamento dos embarques de máquinas cresce, como resultado da valorização do dólar.

Manter o desempenho favorável, porém, depende do atendimento, por parte do governo, de algumas demandas já apresentadas, segundo representantes do setor, em especial a maior oferta de crédito e refinanciamento de dívidas já contraídas junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por