Inflação em alta acirra negociações entre supermercados e atacadistas

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
07/04/2015 às 07:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:32

Em tempos de inflação em alta, como o cenário atual, fornecedores e supermercados travam uma queda de braço por preço. Na tentativa de amenizar aumentos e evitar queda nas vendas, o setor supermercadista endureceu as negociações com atacadistas. E se o valor pedido for considerado alto demais, o varejo pode até se recusar a abastecer a gôndola com determinada marca de produto.   “O supermercadista tem que agir quase como um psicólogo. Antes, com a ascensão das classes C e D, as lojas passaram a apostar em variedade e atendimento, porque esse era o desejo naquele momento. Hoje, o consumidor quer economizar e a sensibilidade ao preço está mais aguçada. Por conta disso, as negociações com fornecedores estão mais acirradas”, diz o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues.   Com a inflação de 1,32% só no mês de março em Belo Horizonte, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a ordem é buscar negociar e fazer promoções.   “Se o supermercado A consegue um bom preço e apresenta uma ótima oferta, o alfabeto inteiro vai tentar acompanhar”, diz.   Segundo o superintendente da Amis, o preço hoje é o senhor da razão. “Se o fornecedor não baixar, e o valor estiver muito alto, uma das estratégias pode ser não comprar determinado produto, já que o supermercado trabalha com outras três marcas”, exemplifica.   Custos mais altos   Um dos vilões da escalada dos preços é a tarifa de energia elétrica. Só em março, de acordo com a pesquisa da FGV, a luz ficou 24,81% mais cara, impactando o custo da produção e o bolso dos consumidores.   “A inflação está sendo puxada principalmente por insumos, como luz, água e gasolina, e isso impõe gastos extras no ciclo da produção. Ainda há os custos de matérias-primas que são atreladas ao dólar. Isso bate cheio no supermercado”, detalha Rodrigues.   De acordo com o gerente da unidade do bairro Santa Efigênia do supermercado Guarim, Éder Enéas, na tentativa de driblar a força do dragão, a rede tenta acertar compras em volumes maiores para ganhar em preço.   “O Departamento de Compras também negocia com mais antecedência com fornecedores. Não dá pra repassar todo o aumento para o ponto de venda, senão assusta o consumidor”, diz.   Considerando o conjunto das capitais, o IPC-S perdeu força da terceira para a quarta semana de março, encerrando o mês em 1,41%.   No ano, o indicador acumula alta de 4,16% e, em 12 meses, de 8,59%, bem acima da meta para a inflação oficial (IPCA) do Banco Central, que é de 6,5%.   Em BH, o índice registrou variação de 1,32% na apuração realizada na quarta semana de março, percentual 0,09 ponto inferior ao divulgado na terceira semana do mês (1,41%).   A leve trégua ficou por conta da Alimentação. O item apresentou desaceleração, passando de 1,21% para 0,36% no período.

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