Inflação volta a subir: após recuos seguidos em BH, índice de junho reflete reaquecimento econômico

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
06/07/2020 às 21:18.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:57

Indicadores econômicos divulgados nos últimos dias têm sinalizado ao menos para um início de recuperação econômica no país, mesmo que a pandemia da Covid-19 ainda esteja longe de acabar e, em alguns locais, como Minas Gerais, sequer tenha atingido seu pico. 

Ontem, o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG) revelou que, em junho, a inflação na capital voltou a subir após dois meses de índices negativos. Embora pareça paradoxal que alta inflacionária possa ser sinal de retomada, segundo analistas, vale lembrar que seu oposto, a deflação, é quase sempre indicativo de estagnação e recessão.

Segundo o Ipead, o IPCA do mês passado foi de 0,33%, ante recuos de 0,08%, em abril, e 0,39%, em maio. Entre os itens que mais puxaram o índice, conforme a coordenadora da pesquisa, Thaize Martins, destacam-se automóveis novos, com elevação média de preços de 4,34%, e a gasolina, que subiu também em média 2,31%, depois de ter apresentado quedas de 8,52%, em abril, e de 7,16%, em maio. 

Para Thaize, o caso da gasolina, especialmente, mostra que um dos principais motivos para a volta da inflação, em BH, foi a flexibilização do comércio ocorrida em junho – e, na semana passada, revertida pela prefeitura. “O produto estava em queda durante a quarentena, sem demanda, e, em junho, com a reabertura parcial do comércio, voltou a subir em razão da maior procura pelos consumidores”.

Já o valor da cesta básica, que vinha de quatro altas consecutivas, o que afetou principalmente as famílias de baixa renda, teve ligeiro recuo no preço em junho: 2,84% a menos que em maio, custando R$ 476,21. Thaize explica que isso foi fruto de quedas expressivas nos preços de alguns alimentos, como o tomate (30,6% de redução). “Porém, outros itens básicos para as famílias, casos de arroz, feijão e carne, permanecem em alta, o que nos faz projetar que a cesta, infelizmente, volte a subir em julho”.

 Outros indicadores sinalizam para possível mudança no cenário de ‘terra arrasada’


Ao menos outros dois indicadores apontam para certa reação da economia brasileira, ainda em meio à pandemia. Também ontem, a Receita Federal divulgou dados de junho, mostrando que o mês teve o maior patamar em emissões de notas fiscais do ano, chegando a R$ 23,9 bilhões em vendas ao dia – crescimento de 10% em relação a junho de 2019.

Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou que, em maio, último mês estudado, o faturamento dos setores industriais do país subiu 11,4%. A alta, segundo a entidade, reflete “a retomada da atividade industrial, depois da redução e paralisação nas plantas industriais em março e em abril, quando as medidas de distanciamento social se aprofundaram e afastaram o consumidor”.

Para o economista e professor Eduardo Coutinho, do Ibmec, em BH, esses e outros dados, como os do segmento imobiliário – termômetro setorial, o índice FipeZap apontou crescimento de vendas no país em março (0,18%), abril (0,20%) e maio (0,23%), em plena crise da Covid-19 – são animadores. Embora ainda seja cedo para se cravar algo como uma saída do fundo do poço.

“A informação da Receita, particularmente, é surpreendente, ainda mais num cenário em que o sentimento geral é de terra arrasada. Sem dúvida, sinaliza uma retomada, mas tenho dificuldade em arriscar um prognóstico (...). Não se sabe o quanto as cadeias produtivas foram desarticuladas com os movimentos de restrição de atividades econômicas em razão da pandemia. Mas torço por uma recuperação rápida”, afirma. 

  

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