Informalidade infla camada dos sem direito ao 13º em BH

Luciana Sampaio Moreira
lsampaio@hojeemdia.com.br
06/11/2018 às 19:47.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:38
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Neste ano, o 13º salário não será realidade para 53,81% dos belo-horizontinos, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação IPEAD), vinculada à UFMG, a partir de entrevistas com 210 consumidores da capital. 

Segundo a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins, em quatro edições do levantamento, esta é a primeira vez em que a maior parte dos entrevistados não terá direito à gratificação de Natal. “Acredito que informalidade e desemprego são os dois fatores que explicam esse fenômeno”, afirmou. 

Em 2015, na primeira consulta, o percentual ficou em 30%. Em 2017, já havia subido para 48,57%. O motorista de aplicativo Sandro Miranda, não vai receber o 13º salário pelo segundo ano consecutivo. “Se eu recebesse, pagaria as contas atrasadas”, disse. 

A pesquisa também demonstrou que, mais uma vez, dentre aqueles que receberão o dinheiro extra, o 13º será o “salvador” das finanças do ano. 
Dos 46,19% entrevistados que vão ganhar a gratificação, 25,77% disseram que o recurso será destinado para o pagamento de contas atrasadas e dívidas. Entre eles, está a operadora de telemarketing Ana Paula dos Santos, que pretende quitar os débitos para entrar 2019 “no azul”. “O 13º vai me ajudar a ficar livre das dívidas e começar o ano novo sem essa preocupação”, comemora.

Em segundo lugar, com 18,56% dos entrevistados, ficaram as pessoas que vão usar a renda adicional para “poupar para outros fins”. O vendedor Leonardo Henrique Gonçalves Saldanha vai guardar o dinheiro para viajar no próximo ano. Sem dívidas, ele está pensando em aproveitar o benefício a médio prazo. “Estou planejando a viagem para 2019 e estou contando com o 13º”, diz. 

Já para 11,34% dos entrevistados, o recurso extra será destinado para o pagamento dos impostos do início do ano, como IPTU e IPVA. A seguir, 9,28% usarão o dinheiro para despesas com matrícula, material escolar e uniforme dos filhos.
Na quinta posição da pesquisa estão outros 9,28% que vão aproveitar o 13º salário para comprar presentes de Natal para familiares. 

Segundo Thaize Martins, esse quesito caiu duas posições em comparação ao estudo de 2017, o que demonstra que os trabalhadores têm privilegiado quitar as dívidas ao invés de fazer outras novas. “O ideal é que o recurso extra seja usado para sair das dívidas do cartão de crédito e cheque especial, que ainda têm juros muito altos”, recomenda.

Na contramão, o bancário Edson Luiz Lopes promete presentear a família toda neste Natal. “É muita gente e vou dar uma lembrancinha para cada. Se sobrar, deixo para o IPTU de 2019”, diz. 

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