Ingredientes básicos das festas julinas ficam até 26% mais baratos na Ceasa

Paulo Henrique Lobato
04/07/2019 às 21:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:24

Boa notícia para quem planeja reunir amigos e familiares numa festa julina: o preço da maioria dos ingredientes típicos da data está bem mais em conta em relação ao mesmo período do ano passado. Quase todos tiveram recuo de dois dígitos no percentual.

É o que revelou um levantamento da Ceasa Minas, em Contagem, o maior entreposto do Estado, onde circulam, nos dias de movimento intenso, aproximadamente 70 mil pessoas. Muitas delas vão em busca dos produtos negociados no local apelidado de Pedra, uma espécie de feira livre.

É lá que se reúnem os produtores de diferentes cidades de Minas Gerais, sobretudo dos municípios que formam o cinturão verde da região metropolitana, como São Joaquim de Bicas e Brumadinho.

Eles fornecem tanto para a dona de casa quanto para donos de sacolão e feirantes de Belo Horizonte. Na Pedra, o preço médio do quilo da mandioca, ingrediente para caldos e outras iguarias típicas da festa julina, sai a R$ 0,75.

“Trata-se de um recuo da ordem de 26% na comparação com o mesmo período do ano passado”, explicou Ricardo Martins, chefe da Seção de Informações de Mercado do entreposto. Ele avalia que, no passado, o preço em alta atraiu muitos plantadores, o que levou a uma safra alta.

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A oferta maior que a demanda fez o preço despencar. Ainda mais porque o desemprego em dois dígitos – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calculou a massa de desocupados em 12,3% – obrigou muita gente a frear as compras.

Ainda assim, o gengibre, ingrediente essencial no tradicional quentão, despencou 22,4%. O quilo é negociado, em média, a R$ 1,94. Por sua vez, o coco seco, necessário para a cocada e para temperar a canjica, está 24,5% mais barato. Sai a R$ 2,10.

“O quilo da batata doce, que a gente usa em doces, está 20% mais barato. Fechou em R$ 1,97. O do milho recuou 7%. Está a R$ 1,20”, completou Martins.

O levantamento, entretanto, apurou duas exceções: o preço do feijão saltou 26,2%, devido à estiagem no fim do ano passado, o que reduziu a oferta, e o do amendoim disparou 189%.

“O amendoim pegou uma oferta restrita. O problema foi a seca na época do plantio, e (durante o desenvolvimento) a chuva veio a mais, o que afetou a produtividade”, finalizou o especialista da Ceasa.

Retração já chegou ao consumidor final

O recuo de preços na Ceasa já se refletiu nos sacolões de Belo Horizonte, como no estabelecimento onde Renato Araújo é gerente, no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste.

“A mandioca está sendo negociada a R$ 1,49. O preço anterior era de R$ 2,98 (queda de quase 50%)”.

Diante disso, ele garante: “Vai ter caldo de mandioca na minha casa. Vai ter mingau de milho também. Mas comida com amendoim está difícil, porque subiu muito o preço”.

As quedas nos valores da maioria dos produtos típicos para a festa julina agradou também o comerciante José Carlos Garcia, dono de um empreendimento que negocia marmitex no vizinho bairro Prado.

“A batata doce, por exemplo, é um produto que muita gente pede. Tem de ter no marmitex. É difícil abrir mão dela”, esclareceu ele, mas fazendo questão de dizer que os preços dos alimentos no Brasil são como uma gangorra.

Garcia explica o porquê: “Há dias em que saio do sacolão numa felicidade danada, pois os valores estão lá embaixo. Mas há dias em que vou embora numa angústia que dá dó, de tanto que os preços sobem”.
 

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